Os arquitetos do escritório Cupertino Arquitetura tinham uma missão ao projetar a Sede Corporativa em São Paulo: resolver o programa proposto com uma linguagem contemporânea em harmonia com a arquitetura modernista do prédio. Pensando nisso, o conceito usado nesse grande escritório, que abriga a sede de uma empresa privada, foi o do minimalismo contemporâneo com inspiração modernista, respeitando a arquitetura do edifício, localizado no coração da capital paulista.
“A nossa estratégia para seguir a proposta foi identificar e valorizar esses elementos”, conta a arquiteta Andrea Castanheira.
O projeto arquitetônico consistiu na reforma de um andar de um edifício do arquiteto Rino Levi, da década de 1960, que conta com elementos fundamentais da arquitetura modernista: térreo em pilotis, terraço-jardim e brise-soleil.
Os únicos elementos que haviam restado da concepção original eram a caixilharia de alumínio e a estrutura em concreto, ambos já danificados além do ponto de recuperação. Todas as novas paredes e divisórias estão soltas do perímetro do edifício, para não interferir na modulação original da caixilharia.
Uma das dificuldades do escritório foi a ausência de forro rebaixado e de piso elevado, já que a caixilharia ia do piso ao fundo da laje. Como solução, os arquitetos rebaixaram o forro para acomodar as instalações e criaram uma grande sanca ao longo de todo o perímetro do andar, evitando, assim, o encontro do forro com a caixilharia. Além disso, esse espaço também é usado para manutenção das máquinas de ar-condicionado.
“Nossa proposta é de um projeto com uma grande galeria na área central do pavimento, que traz luz natural até às áreas mais centrais da planta”, relata. Esse espaço pode ser usado tanto como galeria de arte, área de eventos e espaço para conferências, mas também para proporcionar acesso de visitantes às salas de reunião sem precisar passar pela diretoria. Madeira, pedra e vidro já estavam presentes no projeto original e foram empregados nos novos ambientes.
A sede conta com as salas dos diretores, diversas salas de reunião, auditório, restaurante e ala para eventos. O conceito de transparência ajudou na organização das áreas de trabalho: divisórias de vidro separam a sala dos diretores do pool de secretárias e das salas de reunião.
A paleta de materiais foi reduzida, e o destaque ficou para os quadros e as esculturas. Os móveis são de design brasileiro contemporâneo e foram utilizados nas áreas comuns. Obras de designers atuais, como os Irmãos Campana, pontuam os ambientes. No projeto de interiores, uma curiosidade: os arquitetos trouxeram as obras de arte da coleção modernista brasileira do próprio cliente.
“O layout funcional e a solução minimalista acabaram gerando um espaço sóbrio, elegante e atemporal, que celebra a tradição modernista brasileira na arquitetura, no design e nas artes”, comenta a arquiteta.
A iluminação e o tratamento acústico foram trabalhados conjuntamente. Na galeria central, as grandes faixas de luz são também áreas de absorção acústica. As linhas de luz embutidas no forro conectam os diversos espaços. No auditório, as curvas no forro de gesso abrigam a iluminação, o ar-condicionado e o sistema de som, além de proporcionar uma boa acústica para o ambiente.
O novo layout deixa livre o perímetro do pavimento. Fechamentos que encontram a caixilharia são de vidro ou espelho, de forma a evidenciar o envelope original. “Transparência e integração nas áreas de trabalho, fluidez na circulação e maximização da luz natural foram conceitos que trabalhamos em todos os ambientes”, finaliza Castanheira.
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