A antiga residência do jornalista e escritor José Tavares de Miranda (1916 - 1992), nos Jardins, em São Paulo, hoje abriga o Restaurante Tavares, cujo projeto arquitetônico foi assinado pelo arquiteto André Luque.
Devido ao tombamento do patrimônio, não foram permitidas grandes obras, como aplicar uma cobertura completa. Assim, o arquiteto realizou um cálculo e desenvolveu uma estrutura metálica capaz de aguentar toda a carga aplicada no local.
Luque explica que não tinha como descarregar as armações do antigo casarão. Foi preciso abrir buracos no piso para implantar as paredes por conta da estruturação. “A estrutura do térreo foi inteiramente reforçada com novas vigas e pilares metálicos pintados de grafite”, comenta.
Embora a estrutura original da casa tenha sido preservada, o revestimento da fachada foi descascado, deixando os tijolos aparentes. As únicas partes conservadas em massa branca foram os detalhes das janelas e os adornos, os quais foram reconstituídos.
“As esquadrias das janelas da fachada são de madeira, como em casas coloniais originais. A porta do Restaurante Tavares ainda é a original, e os painéis de vidro que correm foram adicionados onde está a parede da porta”, diz Luque.
O térreo era composto por cinco salas, que foram demolidas e transformadas em um grande salão, revestido no teto e na parede atrás do bar por um grande pergolado de madeira, onde funciona o lounge. Neste espaço, cada peça tem uma altura diferente, criando movimentos sem o uso de peças orgânicas e estendendo-se para além das janelas laterais, criando beirais com vidro em cima de cada uma delas.
“O ripado também desce pela parede do bar e vai até o chão. Entre ele e a parede do bar foi colocado um voal, que recebe iluminação de diferentes tipos e cria um ambiente cênico”, expõe o arquiteto.
Na lateral do Restaurante Tavares há uma escada de serviço que leva o funcionário até o vestiário da parte superior. De lá ele cruza, por uma passarela metálica suspensa, até o salão das mesas e chega à parte de cima do bloco da cozinha. Os detalhes importantes nesse setor são a passarela para cadeirante e o espelho da d´água, que faz com que água escorra e dá um clima diferente.
“Com a área lateral coberta foi feita uma cisterna para captação de água da chuva, que é utilizada nas bacias, vasos sanitários e torneiras para lavar toda a área do salão. Toda a limpeza é feita com essa água”, lembra Luque.
O cliente optou por deixar a circulação livre para o público. Assim, a entrada e a saída dos trabalhadores são feitas pelo lado direito, e a cozinha foi retirada de dentro da casa e montada em uma edícula com dois ambientes. Uma passarela metálica une a cozinha e o restaurante.
Segundo André Luque, houve grande preocupação em reaproveitar tudo o que fosse possível na reforma do Restaurante Tavares, bem como em não gerar entulho no canteiro. Por isso, todos os tijolos foram reutilizados na fachada e paredes novas. O piso de madeira de demolição foi removido, tratado na marcenaria e depois reposto.
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