Na encantadora e histórica cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, no conhecido condomínio de veraneio Laranjeiras, o escritório Gui Mattos Arquitetura projetou uma construção que tira partido da madeira de demolição vinda de uma autêntica casa de pescador desmontada. A solução arquitetônica é, também, o reflexo da sensibilidade acurada de seus proprietários que sempre tiveram uma relação íntima com o mar. “A ideia foi muito bem-recebida porque o proprietário adora pescar e viveu próximo ao mar a vida toda”, conta o arquiteto Gui Mattos.
Outra questão que impulsionou o estilo rústico da residência foi o próprio condomínio Laranjeiras. “Ele tem um código com características construtivas específicas, no qual é necessário o cumprimento de algumas determinações – como a construção com telhas de barro. Caso contrário o projeto não é aprovado”, revela.
O térreo ostenta uma caixa contemporânea, com um vão supergeneroso, feita para abrigar todo o setor social. Já o primeiro andar – onde ficam os dormitórios – explora elementos e conceitos simples, facilmente encontrados em uma singela morada de pescador.
De forma resumida Gui Mattos descreve seu projeto como uma casa de pescador sobre uma caixa. “Estruturalmente a moradia pode ser entendida como uma 'caixinha de fósforos'. Os dois volumes fechados formam uma edificação aberta para a rua e para a marina, com uma varanda posicionada no meio, que dá origem a uma impressionante sala de 18 metros”.
O andar superior surpreende pela autenticidade. A estrutura de madeira de demolição foi transportada para o condomínio e remontada. Gui explica que o proprietário da morada não só comprou a ideia sustentável de desconstruir a morada de pescador e remontá-la, como se envolveu diretamente na escolha, assumindo a personalidade arquitetônica do projeto.
A casa simples, superior, com telhado de duas águas, contrasta com o piso inferior, indiscutivelmente contemporâneo, com um grande vão na frente e atrás. “Partimos para um projeto que atende uma família de pais com dois filhos e netos, por isso a planta prioriza seis quartos e uma grande cozinha gourmet – essencial para o casal de avós, que adora cozinhar”.
Com dois blocos, um de serviço e outro social, home theater, sala kids e uma oficina, os vãos são vencidos pelas grandes vigas metálicas. A casa térrea funciona como um terraço, porque as portas podem ser recolhidas, deixando o espaço totalmente livre e ventilado.
Cerâmica, vidro e madeira compõem a construção. Inicialmente, a escolha da madeira recaiu em um tom natural, mas a chegada no escritório de um lote do material pintado despertou o interesse do arquiteto e do morador, que logo abraçou a ideia. “Ela é pintada, provavelmente com tinta a óleo de anos atrás, pois já está desgastada. Reaplicado, o material imprimiu uma estética diferente”, opina o arquiteto Gui Mattos. A madeira do telhado da antiga casa de pescador também foi reutilizada. Ela figura nos decks de acesso que funcionam como pontes no terreno caracterizado por um pequeno declive.
A madeira é pintada, provavelmente com tinta a óleo de anos atrás, pois já está desgastada Gui MattosEm uma das faces da residência, um painel de cerâmica cabocla se destaca. O cobogó é fabricado com o mesmo material da telha, de coloração avermelhada. Longe de ser apenas estética, a solução filtra a luz, permite a ventilação e protege os ambientes internos das intempéries. “Os cobogós deixam a iluminação natural entrar e permitem que a área de serviço e cozinha permaneçam sempre abertas”, finaliza o profissional.
Residência Mangaratiba, de Indio da Costa
Residência na Barra do Sahy, do Nitsche Arquitetos
Casa de praia, da Tammaro Arquitetura.
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