Localizada no Condomínio Solar da Serra, em Brasília (DF), a Residência D&P estabelece um sutil confronto da arquitetura com o terreno em declive. Desse enfrentamento surge uma edificação adaptada à topografia através de pilotis, que suportam boa parte do pavimento superior, enquanto um pequeno bloco posterior se encaixa à elevação do solo, para formar um incessante jogo de alturas e vazios.
Além de se assentar à gleba acidentada, o projeto arquitetônico, assinado pelo escritório Atelier Paralelo, é orientado para assegurar aos moradores as melhores vistas e uma iluminação natural intensa. Por conta disso, um rasgo de vidro percorre a ala social que desemboca na varanda, tal como acontece com os dormitórios – cada um deles usufrui de uma sacada individual, parcialmente coberta pela laje de concreto.
“A Residência D&P é aberta; não guarda entranhas escondidas. Nós procuramos eliminar os muros para criar usos distintos e escalas diferentes de espaço”, afirma o arquiteto Thiago de Andrade.
Devido à inclinação diagonal do lote, a confrontação ocorre nos dois sentidos, ou seja, nas duas linhas paralelas que delimitam a casa. Assim, aparece a figura de um quadrado regulador por meio do qual, expandindo-se o eixo perpendicular à frente do sítio, chega-se a um bloco que solta a construção lentamente do chão. Esse volume configura a área íntima – situada no térreo – e cria aquela série de pilares no pavimento inferior, que por sua vez originam outra varanda, agora coberta.
De acordo com o arquiteto, a habitual sequência de funções – entrada social, sala de estar, sala de jantar, varanda e área de lazer –, é inversa na Residência D&P, ou seja, a chegada se apresenta com a cozinha, posicionada de frente para a varanda, enquanto a sala de jantar está à direita e o escritório à esquerda. “Como o proprietário havia sugerido, tudo isso está integrado à vida coletiva da casa de forma que ele possa ver e ser visto a partir de todos os lugares”, expõe Andrade.
Um deque de madeira faz a transição das funções sociais para a área de lazer implantada no nível do solo, e daí para a pequena mata ciliar em frente ao córrego. “Assim, construímos o limite entre o edificado e o natural, no qual o sujeito faz seus espaços, na escala que desejar”, conclui o arquiteto.
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