A Casa do Bosque da Ribeira está situada em Nova Lima, próxima a Belo Horizonte. A cidade está entre as melhores para viver no Brasil, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipe) e da Fundação João Pinheiro (FJP), nos quais se baseia o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), da ONU. Um de seus atrativos é a riqueza natural com grandes áreas remanescentes de mata atlântica.
A intenção é usufruir da paisagem de mata ao redor sem agredi-la Tomás Anastasia Rebelo HortaNesse contexto, a residência estabelece uma íntima relação com o entorno. O projeto resguarda a fachada principal, que fica camuflada na vegetação, enquanto se abre para os fundos, tirando todo o proveito paisagístico da belíssima mata, à qual está visualmente integrada.
Com 650 metros quadrados de área construída, o projeto do escritório Anastasia Arquitetos toma uma área de 1 mil metros quadrados e 20 metros de frente. Sua volumetria escalonada é suavemente pousada no aclive e aberta para os fundos. Amplos panos de vidro integram living, varanda e área de lazer onde fica a piscina. Já a fachada tem os volumes mais altos voltados em evidência e voltados para a rua, tornando a presença do paisagismo e da vegetação nativa tão marcante quanto a arquitetura.
Embora a mata abundante que cerca a construção seja um recurso natural que por si só contribui para uma morada fresca e agradável, as arquitetas Johanna Anastasia Cardoso e Tomás Anastasia Rebelo Horta projetaram a área de lazer – formada pela piscina e varanda – voltada para a mata, assim como a área social, que é coberta. “Para proteger da insolação norte, que coincide com a vista, planejamos a varanda com dois níveis de cobertura: uma no térreo e a outra no primeiro andar, na parte íntima da casa”, conta Johanna.
O nobre posicionamento da construção deixa a claridade entrar na sala generosamente, mas não o sol diretamente. O resultado é um ambiente iluminado – o que exige menos consumo de luz artificial durante o período diurno – refrescante, já que dispensa o uso de ar condicionado, e econômico, uma vez que reduz o uso de energia.
No jardim interno, vizinho ao living e à sala de jantar, há iluminação zenital – entrada de luz natural que vem de cima – protegida por um pergolado de madeira. Surgiu como mais uma alternativa de aproveitamento máximo da luz externa, uma vez que não somente o teto, mas a parte superior da parede do jardim é de vidro transparente. Mais que captar a luz, a alternativa cria um ambiente externo dentro da casa, com plantas abastecidas diariamente pela iluminação externa vinda do teto transparente.
A cinco metros do nível da rua situa-se o térreo, onde concentram-se os espaços sociais e de serviço. O pé-direito duplo amplia ainda mais o local, marcado por grandes portas, aberturas e janelas, todas envidraçadas, que permitem visualizar a paisagem do entorno. A área íntima – quartos e estar – localiza-se no segundo pavimento, com todos os dormitórios voltados para o sol nordeste. “Por isso escalonamos os quartos, garantindo a cada um deles o conforto ambiental necessário”.
Para proteger da insolação norte, que coincide com a vista, planejamos a varanda com dois níveis de cobertura: uma no térreo e a outra no primeiro andar, na parte íntima da casa Johanna Anastasia CardosoNo nível da rua encontra-se o subsolo, planejado para abrigar uma sauna e sala de descanso. Tomás explica que “esses ambientes estão semienterrados no talude frontal, protegidos por um brise de madeira”. Os brises geralmente assumem a função de quebra-sol na parte exterior das construções, o que permite um eficiente controle da incidência de luz solar. “Mas aqui trata-se apenas de uma questão de privacidade, uma vez que as lâminas inclinadas permitem a vista de dentro para fora, mas não de fora para dentro”, garante o arquiteto. Além de ser um elemento moderno, os brises oferecem estética diferenciada às fachadas.
Concreto aparente, pedra e madeira fazem a conexão entre a residência e a natureza exterior exuberante. As pedras usadas em seu estado natural decoram uma das paredes do jardim interno. O concreto aparente dá o acabamento em boa parte do interior e exterior, enquanto a madeira reveste o teto da varanda dupla e o deck da área externa, além de compor portas, pergolado e guarda-corpo. “A intenção é usufruir da paisagem de mata ao redor sem agredi-la”, explicam os profissionais.
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