Texto: Naíza Ximenes
Na zona rural de Barbalha (CE), uma região do sertão brasileiro com muita terra, o escritório de arquitetura azulpitanga projetou a casa Refúgio do Sol — uma residência de veraneio para um casal sem filhos e com apreço pela simplicidade.
Como o próprio nome já diz, a obra teve de se preocupar, desde o início, com as altas temperaturas e a grande incidência solar na região. Esse foi o motivo para a equipe de arquitetos apostar na taipa de pilão como técnica construtiva.
Conhecida pelo ótimo desempenho térmico, a estrutura de taipa foi reforçada com dois outros materiais. No lado poente da casa, a taipa é acompanhada pela argamassa armada, uma técnica bastante difundida na confecção de reservatórios de águas no sertão brasileiro. A combinação garante tanto a redução do uso de material, devido a espessuras das paredes (entre 5cm e 10cm), quanto a alta resistência à água.
No lado nascente da casa, por sua vez, a aposta foi em materiais mais leves e delgados, como a estrutura de pilares e vigas em madeira.
Os arquitetos contam que o processo de construção artesanal transformou cada etapa em um canteiro experimental, proporcionando uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos. A compreensão detalhada do terreno e sua relação com o território orientou todas as decisões de escolha dos materiais, implantação da edificação e definição dos sistemas de tratamento de águas residuais.
Ocupando 62 metros de área construída, o projeto foi dividido em dois andares, com área social e de lazer no térreo e bloco privativo no primeiro pavimento. Como o intuito era refletir a personalidade do casal de proprietários no projeto, o bloco privativo foi quase inteiramente pintado de azul, em homenagem ao orixá de um deles, Iemanjá.
Os pisos da casa combinam cimento queimado, ladrilho hidráulico e um mezanino de madeira, criando uma atmosfera de simplicidade elegante. A escada flutuante no interior da casa promove uma transição suave entre os espaços de convivência e as áreas íntimas, garantindo uma sensação de continuidade e harmonia.
Além da taipa, as paredes ainda ganharam vidros móveis e fixos e janelas garimpadas em antiquários, proporcionando uma estética única e funcional.
Para o tratamento das águas residuais, o Refúgio do Sol adotou práticas sustentáveis, como uma bacia de evapotranspiração (BET) para tratar os resíduos das bacias sanitárias e um ciclo de bananeiras para tratar as águas provenientes das pias, tanques e ralos. Essas soluções ecológicas não apenas reduzem o consumo de energia, mas também criam belos jardins de baixa manutenção, reforçando a conexão com a natureza.
A escolha de materiais leves, como pilares e vigas de madeira e a taipa de mão, proporcionou um equilíbrio entre robustez e leveza. A combinação dessas técnicas, aliada ao uso de elementos de transição como esquadrias e vidros, resultou em um design contemporâneo que valoriza os elementos naturais.
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