O Refettorio Gastromotiva foi inspirado no projeto Food for Soul, que tem como proposta o combate ao desperdício mundial de alimentos, transformando aquilo que seria descartado em pratos elaborados para serem servidos a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Queríamos um projeto de grande impacto social, não só para o entorno da Lapa, mas para todo o Rio de Janeiro e que quebrasse antigos paradigmas locais, como diferença de classes sociais, exclusão e ligação com a cidade Gustavo CedroniPara dar vida ao espaço, os idealizadores do programa, David Hertz (fundador da ONG Gastromotiva), Alexandra Forbes (jornalista gastronômica) e Massimo Bottura (eleito o melhor chef em 2016 e criador do Food for Soul), convidaram um time de peso da arquitetura, arte e design: Vik Muniz, Maneco Quinderé, os Irmãos Campana e METRO Arquitetos.
O Refettorio Gastromotiva foi construído no bairro da Lapa, em um terreno de 320 m² doado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Situado entre os Arcos da Lapa e o Aterro do Flamengo, o local foi escolhido por ter uma pequena praça por onde circulam pessoas em situação de rua – as principais beneficiadas pelo restaurante.
“Queríamos um projeto de grande impacto social, não só para o entorno da Lapa, mas para todo o Rio de Janeiro e que quebrasse antigos paradigmas locais, como diferença de classes sociais, exclusão e ligação com a cidade. E claro que o design e as artes fizeram parte dessa discussão”, revela o arquiteto Gustavo Cedroni, do METRO.
A principal dificuldade encontrada pelos profissionais foi o curto prazo para a construção do Refettorio Gastromotiva. Massimo Bottura fala que eles conseguiram “um pequeno milagre”, pois criaram um restaurante de 450 m² em apenas 60 dias.
Como a ideia principal era manter a ligação com a praça ao lado e consequentemente com a cidade, o restaurante se conecta de muitas maneiras com o entorno. Uma delas deve-se à translucidez do material da fachada, como as grandes portas que se abrem. Este foi um conceito importante na concepção do projeto.
O intuito era revelar todos os elementos. Redes de instalações complexas, estruturas metálicas e de concreto, grandes reservatórios de água, dutos, máquinas e a própria cozinha foram desenhados para dar força ao estabelecimento e torná-lo mais potente.
Os arquitetos optaram por usar materiais industrializados e manter as redes de infraestrutura aparentes não só somente pelo custo baixo dessas soluções, Frequentando a obra diariamente, pude evitar atrasos e que o projeto ficasse com um ar muito formal. Dessa forma, o Refettorio Gastromotiva ganhou uma espécie de caráter próprio, com uma perspectiva funcional, técnica e de baixo custo Gustavo Cedronimas principalmente porque queriam mostrar ao público como é feito um restaurante, com todas as curiosidades do processo construtivo.
O design também influenciou bastante a escolha das técnicas construtivas. “Frequentando a obra diariamente, pude evitar atrasos e que o projeto ficasse com um ar muito formal. Dessa forma, o Refettorio Gastromotiva ganhou uma espécie de caráter próprio, com uma perspectiva funcional, técnica e de baixo custo”, conta o arquiteto.
As fachadas são compostas de chapas de policarbonato translúcido. Elas também ganharam amplas portas que permitem uma grande abertura para a praça em frente, gerando maior integração com a área externa e criando um ambiente convidativo a todos que circulam pela região.
A estrutura metálica que monta a lateral do restaurante cria um jogo rústico com um antigo muro existente de pedra e tijolo – o qual foi mantido como elemento estrutural do projeto.
O fato de o terreno ser comprido, estreito e plano ajudou na disposição do salão com pé-direito duplo, da cozinha e do escritório com pés-direitos simples e do plano inclinado da arquibancada. Essa variedade de volumes definiu as funções do layout do Refettorio Gastromotiva.
A cozinha foi inserida no meio do lote e com isso acabou abrangendo as áreas do salão principal, voltado para a rua e a praça, da área da arquibancada e pátio nos fundos. Ela é totalmente aberta, permitindo que os clientes assistam ao preparo da comida e tenham contato com os cozinheiros.
Os cardápios são inéditos, feitos por renomados chefs do mundo que oferecem deliciosas refeições aos convidados.
Para completar, obras do consagrado artista plástico Vik Muniz tornam o ambiente mais leve e alegre.
O mobiliário, as divisórias, as estantes e os armários do Refettorio Gastromotiva foram feitos com compensado naval, um material industrializado muito frequentemente usado na indústria moveleira.
As mesas e os bancos do salão principal foram desenhados pelos designers Irmãos Campana especialmente para o restaurante.
Desenvolvido pelo iluminador Maneco Quinder, o projeto de iluminação buscou deixar os ambientes claros, mas sem ofuscar as pessoas durante as refeições. À noite, o prédio chama a atenção dos transeuntes por ficar todo iluminado. “A solução foi usar uma linda luz fluorescente junto à parede de tijolo, que além de iluminar esse material já existente no terreno, valoriza as obras de arte escolhidas para o projeto”, menciona Cedroni.
Nos salões de pé-direito duplo foram usados pendentes mais baratos. Eles foram dispostos em diferentes alturas, de forma mais ou menos aleatória. O conjunto de todos eles criou uma iluminação mais cênica e quente, além de destacar os planos das mesas do restaurante.
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