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As arquitetas do Sub Estúdio inseriram a produtora Paranoid num enorme galpão, concebendo um projeto puramente industrial, com um toque humanizado vindo dos jardins. Imagens: Tuca Reinés
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Hangar ajardinado

Texto: Thais Matuzaki

Como reconhecida produtora que é, a Paranoid estava em busca de um espaço mais amplo que combinasse com a sua área de atuação – sempre tão criativa e despojada. Junto ao escritório Sub Estúdio, os clientes escolheram um enorme galpão no bairro paulistando da Vila Leopoldina, cujas características foram exploradas pelas arquitetas para conceber um projeto puramente industrial. Ao projeto paisagístico da Passe_ar Verde Paisagismo coube a tarefa de humanizar o edifício, levando o verde para dentro dele.

A arquiteta Renata Pedrosa – uma das autoras do projeto arquitetônico junto à Ana Dix, Isabel Nassif e Paula Hori – conta que tudo começou quando a Paranoid as convidou para executar a reforma de um escritório localizado num prédio no bairro de Alto de Pinheiros. Eram cerca de cinco salas corporativas que deveriam seguir o preceito de integração.

Foram realizados alguns estudos para essa área, mas os clientes perceberam que faltava espaço para organizar toda a equipe e iniciaram mais uma maratona de buscas. No bairro da Vila Leopoldina, se depararam com dois galpões que foram avaliados pelas arquitetas. “Um era muito grande e o outro tinha a possibilidade de integrar com a parte externa. Essa característica determinou a escolha por este imóvel”, revela Renata.

Programa aberto

O Sub Estúdio teve de adequar o espaço definido ao uso e às preferências da produtora. O antigo galpão de dois andares era um ambiente completamente fechado, o que implicava na proposta de integração das arquitetas – mantida desde o projeto inicial das salas. A partir disso, elas decidiram derrubar todas as paredes brancas do primeiro piso para que fossem substituídas por caixilhos de vidro. Assim, as áreas externas e internas do hangar ficariam interligadas.

Atrás da recepção ficam as salas mais técnicas, que exigem maior privacidade por conta da iluminação e da acústica, como a ilha de apresentação e as duas ilhas de ediçãoFoto: Tuca Reinés

Além de conectar e levar iluminação natural para os ambientes, esses panos tinham atributos funcionais. “A produtora trabalha com muitas pessoas que não são funcionárias fixas da empresa. No antigo escritório, essa ‘equipe flutuante’ ficava numa sala fechada, onde sempre apareciam cadeiras e outras coisas quebradas. Com os vidros, o espaço ficaria mais aberto e transparente, portanto, seria possivel ter maior controle do que acontece nesse espaço”, explica Renata. Pelo mesmo motivo, a área fica logo ao lado da recepção.

Atrás dali ficam as salas mais técnicas, as quais exigem maior privacidade por conta da iluminação e da acústica, como a ilha de apresentação e as duas ilhas de edição. No andar de cima – onde aloja-se a equipe da produtora –, apenas o setor financeiro foi isolado. No restante do projeto, a Paranoid oferece grande permeabilidade espacial.

Ela funciona como um grande jardim móvel: tanto o paisagismo quanto o mobiliário foram executados sobre rodas, para que o ambiente fosse totalmente flexível Renata Pedrosa

O andar superior, que acomoda os staffs, a sala dos diretores, salas de reunião e outras áreas de apoio, também foi aberto para permitir a entrada de iluminação natural. Em toda a sua volta foi instalado um guarda-corpo cego na cor preta, com a mesma linguagem dos caixilhos do pavimento inferior. Ele veda apenas a parte debaixo e o restante é fechado com vidro. “Isso possbilita que os colaboradores trabalhem olhando para o jardim da área externa”, expõe Renata.

Jardins

O imóvel era dividido em duas partes: uma fechada, com mezanino e uma escada conectando os dois pavimentos; e outra aberta, de pé-direito duplo, que tinha caráter de área externa, porém, era coberta na mesma estrutura do galpão. Foi este espaço que o Sub Estúdio aproveitou para trazer o verde ao projeto.

Os grandes panos de vidros integram os ambientes internos da produtora a essa área de convivência ajardinada. “Ela funciona como um grande jardim móvel: tanto o paisagismo quanto o mobiliário foram executados sobre rodas, para que o ambiente fosse totalmente flexível. No dia a dia, é um lugar agradável para as pessoas trabalharem, mas, alterando seu layout, pode receber eventos, festas, filmagens etc”, descrevem as arquitetas.

O projeto paisagístico,não se restringe apenas à área externa; estende-se ainda para o interior da Paranoid. De acordo com Renata, a ideia era aproveitar o vão da escada e levar o jardim para lá. Então, os paisagistas desenvolveram um esquema com cabos de aço que ficam presos à cobertura e pelos quais sobem as plantas jiboia.

Estilo fabril com materiais crus

Muitas características do antigo galpão foram preservadas no projeto. Segundo Isabel, o objetivo era adotar uma linguagem que acompanhasse a estética industrial típica dessa tipologia.

Assim, ele [piso cimentado] resolve um ambiente de trabalho que tem fluxo intenso até mesmo de caminhões Renata Pedrosa

O piso cimentado da área externa, por exemplo, foi prolongado para todos os ambientes internos, o que contribuiu para deixar o local ainda mais integrado. Trata-se de um concreto com acabamento bamboleado, por isso, extremamente resistente. “Assim, ele resolve um ambiente de trabalho que tem fluxo intenso até mesmo de caminhões”, enfatiza Renata, ressaltando que o concreto da laje e dos pilares também foi conservado e mantido aparente.

A opção por deixar os materiais com aspecto cru levou as arquitetas a retirar o forro da cobertura. Revelou-se uma estrutura metálica de telhas, que possibilita a entrada de iluminação natural e por onde correm à mostra os dutos de ar-condicionado.

Apesar de muitos elementos do galpão serem mantidos, outros foram empregados para reforçar a atmosfera industrial. Além do vidro e dos guarda-corpos, surgem as malhas de aço que fazem as divisórias nos dois pavimentos. “Elas são transparentes para manter a visibilidade em todo o escritório”, salienta Isabel.

Escada: fita que se desdobra

Situada no centro da planta, a escada já existia e manteve-se exatamente no mesmo lugar. A diferença é que ela recebeu um novo guarda-corpo, pois o antigo (feito de cabos de aço vazado) não conversava com o projeto. Agora, tanto as pisadas quanto a estrutura são feitas de uma chapa metálica cega na cor preta, combinando com os fechamentos das salas e os caixilhos. Renata a define “como uma fita que se desdobra”.

A arquiteta conta que foi muito difícil convencer os clientes a alterar o estilo da escada. “Eles achavam que revesti-la dessa forma fecharia e escureceria o ambiente. Na verdade, criaríamos um contraponto, afinal, abrimos tudo, retirando o forro e as paredes”, argumenta.

Outro destaque consiste numa tênue faixa que rasga o guarda-corpo e o faz parecer desprendido da escada. Nesse traço, foi inserida uma iluminação que corre a estrutura inteira, evidenciando-a ainda mais.

Eletrocalhas

Mesmo com bastante luz natural entrando pelas telhas e pelas aberturas de vidro, o galpão necessitava de iluminação artificial. Quando começaram a pensar nisso, as arquitetas descartaram a instalação das luminárias de lojas, pois entendiam que os modelos “prontos” fugiriam do estilo do projeto. “Queríamos evitar a utilização de uma luminária em cada ambiente”, declara Renata.

O projeto de iluminação é feito de duas eletrocalhas: uma direciona a luz para cima, enquanto a outra para baixoFoto: Tuca Reinés

Com isso, desenvolveram um sistema composto por duas eletrocalhas, de modo que uma direciona a luz para cima (áreas de circulação) e a outra para baixo (áreas de trabalho). Essa iluminação ora indireta, ora direta, foi aplicada conforme a necessidade de cada ambiente.

Um detalhe é que as calhas percorrem os espaços tal como linhas contínuas, desenhando o layout e seguindo o que precisa ser iluminado.

Sub Estúdio assina o mobiliário

O mesmo conceito admitido na iluminação segue no mobiliário. “Evitamos colocar móveis corporativos planejados, exceto os sofás e as cadeiras da sala de reunião que adquirimos do estudiobola”, aponta Renata, comentando sobre o tecido que reveste essas peças: “elas exigiam maior conforto, por isso, optamos pelo couro – um material mais quente.”

Todas as mesinhas de centro, o aparador, bem como as marcenarias da cozinha e da copa foram desenhadas pelas arquitetas do Sub Estúdio com um misto de chapa metálica e compensado naval.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2015
  • Conclusão da obra: 2016
  • Área do terreno: 1120 m²
  • Área construída: 1600 m²

Ficha Técnica

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