Texto: Naíza Ximenes
Abordagem funcional, minimalismo, contemporaneidade, rejeição à tradição e inovação — essas são as principais características não só da Arquitetura Moderna, iniciada no século XX, como da obra de Oscar Niemeyer, um dos maiores nomes do estilo arquitetônico. E no admirável acervo do arquiteto está um dos marcos da cidade de São Paulo: o Parque Ibirapuera, com 1,5 milhão de metros quadrados.
Além de o próprio parque ser um projeto inovador, os edifícios construídos dentro dele representam a grande criatividade, diversidade e expertise de Niemeyer, que idealizou todo o complexo em parceria com o paisagista Roberto Burle Marx. Entre os lagos, jardins e áreas esportivas estão símbolos como o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca, e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, que abriga a Bienal de São Paulo.
Apesar da originalidade retratada nas formas orgânicas, a exploração de formatos geométricos diferentes e a utilização de materiais incomuns para cada construção na época, todos os prédios têm uma característica em comum: a harmonização com a natureza e o uso do concreto armado.
Depois de 69 anos da inauguração do parque, foram esses os conceitos que o escritório de arquitetura Perkins&Will incorporou em um de seus últimos projetos: o edifício Oscar Ibirapuera.
Com um design marcado pela ausência de limites e uso de marquises, brises e concreto, o empreendimento homenageia o Parque Ibirapuera de diversas formas, a começar pela proximidade do complexo, que proporciona uma vista exuberante para o entorno das torres.
Mas, como diz o ditado, nem tudo são flores. Isso porque a equipe de arquitetos teve de solucionar desafios logo no estudo do terreno, já que, inicialmente, ele não era unificado e não tinha todos os lotes necessários para a construção.
Resolvidos os impasses, o passo seguinte foi projetar os espaços comuns. A primeira ideia foi criar um pavilhão no andar térreo, ao invés de cercar os prédios por muros, como é visto em muitas construções. Criado em parceria com a construtora Trisul, o Oscar Ibirapuera possui “uma arquitetura que vai além do design, já que o arquiteto também precisa se preocupar com a longevidade”, explica o diretor de design do Perkins&Will, Douglas Tolaine.
Esse embasamento também está presente nas calçadas generosas e nos jardins que constituem a maior parte do térreo e uma porção das gigantescas fachadas verticais.
Mas, com ou sem muros, é comum que os empreendimentos possuam uma distinção entre interior e exterior. No projeto de Perkins&Will, o pavilhão é delimitado por painéis de madeira que se assemelham a brises e possibilitam a entrada de iluminação natural, ventilação cruzada e a autonomia de permitir ou não a visualização do interior.
O interior do pavilhão, que também representa uma releitura do acervo de Niemeyer, é uma obra mais restrita à apreciação dos moradores. As áreas comuns são marcadas por marquises, que remetem à Marquise do Ibirapuera, e pelas formas orgânicas, que são observadas nas claraboias, nas bordas arredondadas de muitas estruturas e na ampla treliça metálica branca em padrão geométrico. A piscina central, contudo, é um dos maiores destaques.
“Como as torres nascem desse pavilhão e se voltam para o interior, o térreo, nós criamos uma representação do lago do Ibirapuera na piscina” complementa Tolaine. “Ela é muito mais natural — com mais formas orgânicas e menos engenharia ou cerâmica —, de formato irregular e com o piso ao redor formado por um material com alguns pontos de brilho no chão, que criam o aspecto de reflexo de um céu estrelado.”
De uma perspectiva superior, a releitura do lago do Ibirapuera fica mais aparente, em especial, devido ao formato
Além da piscina externa, o Oscar Ibirapuera ganhou uma outra piscina, com raia de 20 metros e coberta por claraboias. Com design de interiores assinado por Fernanda Marques, os outros ambientes são definidos por um salão de festas gourmet com pé-direito duplo, solário, sauna seca, sauna úmida, spa, sala fitness, sala de pilates, playground, brinquedoteca, sala de jogos e bicicletário. O paisagismo ficou por conta de Benedito Abboud, que apostou em jardins verticais, palmeiras de baixa estatura e costelas-de-adão em todo o térreo.
O hall de entrada também possui decoração modernista e os apartamentos nas duas torres podem ser de 186, 227 ou 233 metros quadrados, com três ou quatro dormitórios e até quatro suítes. O designer ainda contou que a planta foi projetada de modo que o living pudesse dispor de nove metros de frente, totalmente desprovido de pilares, proporcionando uma ampla vista panorâmica do Ibirapuera.
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