Concebida em uma topografia totalmente plana e voltada para um lago eminente, a fazenda integra-se à rica vegetação de maneira harmoniosa. “A intenção foi ter uma construção de espaços generosos em um único pavimento, num jogo de espaços abertos e fechados, com fluidez entre a área construída e o ambiente natural”, explica a arquiteta responsável pelo projeto Anna Ávila, da Sito Arquitetura.
Localizada em Paraopeba, Minas Gerais, a fazenda é zona de criação e leilões de gado, mas o projeto arquitetônico de sua sede foi idealizado para conceber uma morada convidativa, para descanso e lazer. A ausência de limites físicos no entorno e o clima excessivamente quente da região foram desafios que determinaram várias soluções, como a vasta possibilidade de exploração das paisagens naturais – com a adequação ao terreno das generosas varandas e do pátio central – e a eficiência energética alcançada.
Visando o conforto ambiental, a arquiteta buscou soluções de circulação de ar e refração da entrada do sol para atenuar o calor. “Optamos pela criação de grandes áreas de iluminação e ventilação cruzada com pés-direitos altos, amplas varandas sombreadas, cobertura em telhas cerâmicas e a criação do pátio central – tratado paisagisticamente para a geração de microclima ameno e para auxiliar na circulação de ar das áreas íntimas e sociais”, detalha Ávila.
A extensa fachada das áreas sociais e varandas é marcada pela vista para o lago e pelo porte cochère, instalado em frente à porta central de entrada da Fazenda em Paraopeba. A arquiteta também ressalta a sutileza das transições entre os espaços. “A circulação dos quartos se destaca por ser feita com um grande beiral em balanço, estruturalmente livre, sem pilares, em uma leve passagem dos espaços fechados para os abertos”.
Mesmo usando soluções construtivas atuais, o projeto conseguiu manter as características das tradicionais fazendas mineiras. “É exemplo disso o grande telhado em madeira com telhas coloniais, com sua proposta linear e longitudinal, assim como o anteparo em pedra escravo, criado para dar mais privacidade à suíte principal, contrapondo com o muro do telhado e o fundo do jardim interno”, detalha Ávila.
O projeto de interiores, de caráter sofisticado, também se integra à linguagem arquitetônica da fazenda pela escolha dos materiais e mobiliário.
Característicos da arquitetura colonial, os materiais predominantes escolhidos – telhado e esquadrias em madeira, paredes em alvenaria, muros e pisos em pedra e janelas de vidro – foram aplicados no projeto através de sistemas tradicionais de construção. “Priorizamos a construção em alvenaria simples por se tratar de uma zona rural, além dos recursos sustentáveis, mais adequados à situação”, destaca a arquiteta.
Ávila também enfatiza a importância do projeto paisagístico que, junto à iluminação, valoriza os aspectos mais expressivos da Fazenda em Paraopeba. “Os espaços de transição entre o ambiente construído e as áreas naturais têm equilíbrio, além de amenizarem o forte calor com a composição de áreas sombreadas, frescas e úmidas”, conclui.
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