Os estudos iniciais para a implementação da Linha 2 do metrô de Salvador começaram em 1997, por iniciativa da prefeitura da cidade. Devido aos atrasos, em 2013, o Governo da Bahia assumiu a gestão da obra, dando início ao processo de licitação. A partir daí, ficou decidido que uma concessionária privada seria responsável pela construção e operação do sistema metroviário.
Foi nesse cenário que entrou a equipe da JBMC, chamada pelo Grupo CCR para desenvolver o projeto de 11 estações. O arquiteto Emiliano Homrich conta que o Governo do Estado já havia apresentado um projeto de referência. O escritório passou, então, a trabalhar junto à equipe da concessionária para a viabilização da proposta inicial.
Ainda que contratados pela empresa privada, Homrich não esconde quem era, de fato, o verdadeiro cliente da JBMC. “Sempre foi a sociedade da Bahia. Salvador era uma cidade carente de transporte público, feita para automóveis, e o metrô inverte essa condição. Nunca perdemos isso de vista: oferecer um sistema metroviário atrativo e transformador para a população”, sintetiza.
Com base no escopo do governo baiano, a JBMC projetou oito estações “típicas”: Pernambués, Imbuí, Cab, Pituaçu, Tamburugy, Flamboyant, Bairro da Paz e Mussurunga. As outras três estações (Acesso Norte, Detran e Rodoviária) seguiram outro conceito, devido às peculiaridades do terreno.
As estações típicas estão localizadas no canteiro central da Avenida Luís Viana – importante via com aproximadamente 13 km de extensão, que faz a ligação entre a rodoviária e as proximidades do Aeroporto Internacional de Salvador.
Considerando a topografia e o entorno de cada local, os arquitetos propuseram padronizações funcional, estrutural, arquitetônica e cromática para oito das onze estações. “Ajustamos apenas as peculiaridades internas do programa, como a configuração das plataformas, a disposição das salas técnicas/operacionais e o número de escadas, por exemplo”, cita a arquiteta Gabriela Assis.
Homrich expica que a padronização busca racionalizar a construção com ganhos de escala, economizar recursos e reduzir o tempo de execução, além de destacar a característica principal das novas estações: a cobertura.
Diante das altas temperaturas de Salvador, os arquitetos da JBMC preocuparam-se em promover a máxima ventilação natural dentro das estações. A atenção foi redobrada ao optarem por telhas autoportantes metálicas, que reduzem o tempo de construção, mas em contrapartida, provocam maior retenção de calor.
Para resolver essa questão, utilizou-se uma telha industrial dupla, cujo núcleo foi preenchido com isolante termoacústico. Enquanto o material em si protege as estações da forte incidência solar, a estrutura metálica configura uma sequência de dez abóbadas. Elas foram inclinadas e sobrepostas umas às outras, resultando num vão por onde entra não somente ar, como também muita luz natural. “Isso é extremamente importante em Salvador. Criamos estações abertas e claras, que resguardam os passageiros do sol forte, e ao mesmo tempo, os conectam à natureza”, enfatiza Homrich.
Em complemento à cobertura metálica, toda a estrutura das estações do Metrô Bahia foi erguida em concreto pré-moldado, com pilares acompanhando o desenho das telhas. Além disso, brises metálicos pintados de amarelo finalizam o fechamento externo. No piso, o tradicional granito garante resistência, necessária por conta do intenso fluxo de pessoas.
Após muito tempo conhecendo a capital soteropolitana, o time da JBMC concluiu que a cidade é especialmente colorida, fruto da herança das culturas portuguesa e africana. A forte presença da luz solar influenciou os arquitetos em mais uma decisão: a escolha da cor amarela para reproduzir a paisagem física e a cultura da região. “Com isso, o projeto mistura-se à cultura da cidade, além de transformar a maneira das pessoas viverem e se locomoverem”, finaliza Homrich.
O projeto de arquitetura das estações típicas do Metrô Bahia rendeu à JBMC a menção honrosa no 9º Prêmio AsBEA de Arquitetura. Ele também foi finalista do WAF World Architecture Festival 2017, na categoria “Transporte – Edifícios Construídos”.
Estação Olímpica Engenho de Dentro, por RAF Arquitetura
Escritório
Termos mais buscados