Um concurso fechado realizado em 2008 pela equipe pedagógica da Escola Vera Cruz, em São Paulo, definiu os escritórios de arquitetura responsáveis por desenvolver o projeto arquitetônico de reforma da instituição, que é referência de ensino na capital paulista.
Assim, as arquitetas Marina Grinover e Catherine Otondo, sócias do Base Urbana, assinaram o trabalho em parceria com os arquitetos Jorge Pessoa (Pessoa Arquitetos) e Sérgio Kipnis (Kipnis Arquitetos Associados).
O plano diretor requeria aumentar e renovar os ambientes das cinco unidades da Escola Vera Cruz (Pré-escola, Ensino Fundamental 1 (EF1), Ensino Fundamental 2 (EF2), Escola de Inglês e Ensino Médio (EM), localizadas nos bairros da Vila Madalena e da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. Apesar de ter incluído todas as unidades, o programa priorizou aquelas que tinham maiores problemas espaciais, como as que atendem ao Ensino Fundamental 2 e ao Ensino Médio.
Sobre o restauro dos edifícios, a arquiteta Marina Grinover revela que começaram pelo do EF2, ampliando os espaços que acolhem professores e funcionários. “Fizemos o edifício de artes e a reforma do térreo. No conjunto do EM, mexemos, sobretudo, na área de esporte e na cantina. Todas essas obras estão relacionadas ao Plano Diretor elaborado junto com a direção da escola”, explica, complementando: "Todas as obras tiveram um condicionante importante, que foi o tempo. A escola não podia parar de funcionar para que as intervenções acontecessem, então toda a estratégia de projeto foi pensada em função do tempo das férias e de como liberar espaço no período em que as crianças estivessem frequentando a escola".
O edifício da sala de artes, localizado na sede do EF2, foi um dos focos da primeira etapa do retrofit, que envolveu três fases. A construção envolveu a demolição de pequenas construções que ficavam anexas ao prédio principal. No lugar delas, foram criados galpões e pavilhões que podem ser usados para diversos fins, oferecendo a flexibilidade que o ambiente pedagógico requer. Os novos espaços serão usados como sala de artes, laboratório, área administrativa ou técnica, com uma multiplicidade de ações embutidas na estratégia do projeto.
A arquiteta conta que o bloco de concreto foi usado apenas nas paredes laterais, em conjunto com a estrutura de madeira, para sustentar as lajes e a cobertura dos edifícios. “O bloco é o material usado na estrutura dos prédios já existentes, por isso também usamos nas construções novas. A madeira entra como elemento contemporâneo na reforma do conjunto como um todo”, diz.
Antes, as salas de artes estavam no meio do pátio do térreo, se misturando a outras atividades. “Desafogamos o que estava apertado, e a escola ganhou outra qualidade para o pátio, um grande lugar do encontro”, fala Grinover.
Em nenhum ambiente existe ar-condicionado – salvo o laboratório de informática. Os edifícios foram concebidos sempre com ventilação cruzada, sombreamento das fachadas críticas, norte e oeste, vegetação para equalizar a umidade do ar e grandes planos de janela. “Nós adotamos essa diretriz ao estudar a arquitetura dos prédios existentes. Ao reformá-los, aprimoramos o sistema”, explica a arquiteta.
No caso do edifício novo de artes, estudamos a insolação e desenhamos um painel brise de madeira maciça, fixo, que permite a visibilidade do exterior com sombreamento total nos períodos críticos do dia e do ano Marina GrinoverDentro desse conceito de qualidade ambiental, de baixo impacto energético e aproveitamento da ventilação natural, os materiais de acabamento e o sombreamento das fachadas tem papel fundamental. “Fizemos um estudo para as unidades existentes e redesenhamos os brises, completando o conjunto com o mesmo modelo”, menciona Grinover.
“No caso do edifício novo de artes, estudamos a insolação e desenhamos um painel brise de madeira maciça, fixo, que permite a visibilidade do exterior com sombreamento total nos períodos críticos do dia e do ano”, complementa a arquiteta.
A parceria entre os escritórios de arquitetura criou uma equipe de vários projetistas, que trabalharam de acordo com as demandas do cliente. O engenheiro Hélio Olga (ITA Construtora) foi responsável pelo processo construtivo do projeto. A rapidez da obra decorreu da utilização de estruturas pré-fabricadas, blocos de concreto e fechamentos de caixilhos.
Além da preocupação com os custos e prazos da obra, os arquitetos buscaram atender às demandas pedagógicas tão essenciais para a comunidade escolar.
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