Coffee Lab da Ipanema Coffees

Laboratório em container

Texto: Thais Matuzaki

A Ipanema Coffees é uma empresa brasileira instalada em Minas Gerais, que produz e comercializa cafés especiais para o mundo inteiro. Seus funcionários faziam o atendimento a visitantes e compradores numa pequena sala da Fazenda Conquista. Para melhor recebê-los, os proprietários decidiram criar um coffee lab – local onde ocorrem degustações, classificações e controle de qualidade do café –, que foi especialmente pensado pela Sartori Design.

Como a sustentabilidade era a premissa do projeto arquitetônico, os donos da empresa solicitaram que o novo edifício fosse executado em containers. “Tínhamos que criar algo impactante com uma volumetria diferente, na qual esses recipientes ganhassem destaque”, introduz Gabi Sartori.

Estruturas em containers

Com base nesse conceito, a equipe da Sartori Design concebeu a volumetria do Coffee Lab da Ipanema empilhando sete containers, que ora seguem apoiados uns sobre os outros, ora em balanço.

“Uma das maiores dificuldades foi casar a estrutura do edifício com as suas funções. Devido ao uso específico dos ambientes, trabalhamos a funcionalidade de cada um deles junto ao cliente”, explica a arquiteta.

Um dos reservatórios, que serve de base para todo o conjunto, distribuiu os principais ambientes do programa, como área de recepção, torra do café, showroom (degustação dos visitantes), além da sala de classificação e prova dos funcionários.

Com amplo pé-direito, uma cortina de vidro exibe pelo lado de fora a escada metálica que conduz o usuário até um mirante, onde é possível avistar todo o terreiro de seca do café e da fazenda da Ipanema.

Como afirma Sartori, o coração do projeto está no local onde a torra de café foi posicionada. Ao ocupar a parte central da planta, esse ambiente tem fácil acesso às extremidades que acomodam de um lado a sala de classificação dos funcionários, e do outro, o showroom dos visitantes.

Outros materiais ao estilo industrial

Após definir o layout, a Sartori começou a pensar no design do Coffee Lab da Ipanema. Como os containers têm características muito peculiares, a inspiração se inclinou para uma atmosfera mais industrial e minimalista, com toques sofisticados.

A ideia, portanto, era revelar as estruturas do container, inclusive na área interna. Com isso, algumas paredes foram deixadas à mostra – como no showroom dos visitantes –, enquanto outras divisórias têm fechamentos em tijolos e madeira. Este material também aparece nos móveis, com destaque para as mesas de provas, que foram fabricadas a partir de troncos de antigos pés de café.

Sustentabilidade à prova

São muitas evidências que fazem do Coffee Lab Ipanema Coffess um projeto sustentável. Além de reaproveitar um material habitualmente destinado ao descarte, a Sartori adotou soluções que conseguem suprir as necessidades termoacústicas dos containers.

Os sete reservatórios receberam tratamento feito com lã de PET – um material sustentável que substitui as conhecidas lãs de rocha e vidro. Além disso, o edifício possui um sistema de biodigestores anaeróbico no teto verde, que trata a água para ser reutilizada para a rega do jardim. Placas fotovoltaicas são outros atributos sustentáveis do projeto.

Outras intervenções

A Sartori Design construiu e interviu em outras duas edificações secundárias da Coffee Lab Ipanema Coffess. Naquele mesmo terreno funcionava o antigo escritório da empresa, que consistia numa casa com fachada descaracterizada e ambientes compartimentados.

O uso da edificação não mudou, mas o objetivo era renová-la esteticamente, propondo novo layout, ampliação das salas e reforma da fachada. Assim, todos os revestimentos foram substituídos, sendo aplicado cimento queimado em grande formato nos pisos, bem como vidros nas divisórias das salas de diretoria, folha de madeira freijó e madeira de demolição na marcenaria. Já na fachada foram instaladas grandes janelas de vidro e caixilharia de madeira.

Acoplado à casa surge um novo bloco, que também foi erguido em container. Planejado para abrigar o laboratório dos trainees, o espaço recebeu o mesmo tratamento termoacústico do coffee lab, com paredes internas forradas em lã de PET e telhado verde.