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Casa Vila Rica

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Cerrado, clima e fauna de Brasília nortearam o projeto da Casa Vila Rica, concebido pelo BLOCO Arquitetos. Imagens: Haruo Mikami
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Entre cerrado e passarelas

Texto: Thais Matuzaki

Distante 40 km do centro de Brasília (DF), a Casa Vila Rica parece isolada de tudo a não ser pelo cerrado nativo que circunda o lote de 10 mil m². Além dos visuais criados pela vegetação, o clima e a fauna da região nortearam a equipe do BLOCO Arquitetos no projeto arquitetônico da residência. A partir disso, fez-se uma morada com materiais resistentes e completamente aberta, onde dois blocos – dispostos perpendicularmente – foram conectados por passarelas.

A história da Casa Vila Rica foi contada com detalhes pelos arquitetos Matheus Seco, Daniel Mangabeira e Henrique Coutinho. Por muitos anos, o casal de proprietários e seus filhos usufruíam daquele terreno que até então estava vazio. Com o passar do tempo, nasceu o desejo de construir um espaço no qual pudessem ficar longos períodos desconectados da cidade.

Foram construídos dois blocos: íntimo e social. No primeiro, dormitórios, banheiros e um escritório seguem divididos para terem maior privacidade. Já no segundo, os arquitetos eliminaram qualquer barreira visual entre sala de jantar, estar e cozinha. Fisicamente, apenas o vidro preso às caixilharias os separa da varanda.

Os blocos são (des)conectados através de passarelas cobertasFoto: Haruo Mikami

Ainda nesse conjunto, alguns elementos da própria arquitetura da casa foram desenhados para desempenhar outras funções. Por exemplo, a estrutura de concreto com vedações em tijolo forma uma estante na sala de estar até prolongar-se à varanda e servir de banco. Ao centro dali ficam a churrasqueira e o forno de pizza tal como uma ilha.

Esses dois volumes foram (des)conectados através de passarelas, que mesmo externas mantêm-se cobertas. De acordo com Coutinho, “a ideia era estar dentro da casa e ao mesmo tempo ter a sensação de estar fora dela”. Dessa forma, apesar da circulação dos quartos ser interna, todo o fluxo da Casa Vila Rica acontece em ambiente externo.

Desafios

O fato de a residência estar localizada numa área rural trouxe alguns desafios aos arquitetos do BLOCO. A começar pela implantação da casa que foi elevada do chão para impedir a entrada de pequenos animais silvestres, como cobras. Para Coutinho, “essa solução deu leveza à edificação, que parece flutuar sobre o cerrado.”

A ideia era estar dentro da casa e ao mesmo tempo ter a sensação de estar fora dela Henrique Coutinho

A paisagem campestre – sem asfalto e muita terra – também levou os arquitetos a escolherem materiais que fossem resistentes às ações das intempéries e de fácil manutenção. Por isso adotaram concreto aparente na estrutura, tijolos maciços nas vedações, enquanto os pisos ganharam granito lixado (área externa, inclusive dentro da piscina) e cimento queimado (área interna).

Segundo Seco, como a casa ficava distante do centro de Brasília, a maior dificuldade que encontraram era o transporte desses materiais e a busca por mão de obra qualificada. Este fator, no entanto, foi utilizado pelos arquitetos a favor do projeto.

“A mão de obra local que tínhamos disponível já havia trabalhado algumas vezes com tijolo maciço, mas com concreto aparente ainda não. Apesar disso, achamos interessante tirar partido das imperfeições que surgiriam após a concretagem, para revelar a verdade desse material”, explica Seco. Além da questão estética, esse recurso diminuiu os custos da obra, pois dispensou qualquer material de acabamento.

Aberturas de luz

Atento ao clima quente de Brasília – ora com épocas secas, ora chuvosas – o trio de arquitetos concebeu uma casa com intensa ventilação cruzada em praticamente todos os ambientes. Como descreve Mangabeira, rasgos de circulação permitem uma orientação leste/oeste do vento nos dois blocos que compõem a Casa Vila Rica.

No volume social, por exemplo, a cozinha ganhou duas aberturas de porta que favorecem a circulação de ar, enquanto na varanda esse processo ocorre no sentido norte/sul. Já no conjunto íntimo, são as esquadrias que deixam a brisa entrar e refrescar os ambientes.

Essas aberturas também contribuem para manter a residência sempre bem naturalmente iluminada, sem ter a necessidade de acionar a luz artificial durante o dia. Até mesmo espaços mais fechados por conta do uso, como os banheiros, estão inclusos nessa proposta. “Criamos um jardim interno e furos no teto que trazem luz natural ao ambiente, além de permitirem o contato com a chuva, o céu...”, comenta Seco.

O bloco social dispensa qualquer barreira visual entre sala de jantar, estar e cozinha. Fisicamente, apenas o vidro preso às caixilharias os separa da varandaFoto: Haruo Mikami

Ainda assim, era necessário resguardar a residência do forte sol poente que incide diretamente sobre a lateral da fachada oeste. No bloco social, a solução foi orientar a garagem para essa área; e no íntimo, são as circulações que se direcionam para lá.

Mesmo mais protegidos, os corredores também recebem luz natural através de uma abertura horizontal no piso, já que é o espaço no qual incide menos luz. Esses rasgos também marcam a sala de estar, com a diferença que foram replicados no teto. Além disso, varanda, cozinha e sala têm circulações externas, cujas coberturas criam um anteparo de proteção solar sem prejudicar a iluminação natural que entra através dos vidros.

Recuperação do cerrado

Conforme Seco, outro desejo dos moradores da Casa Vila Rica era recuperar parte do cerrado que já estava desmatado. Para essa tarefa, o BLOCO Arquitetos trabalhou em parceria com a paisagista Mariana Siqueira.

“Ela executou um serviço quase que pioneiro. O cerrado é um bioma ainda muito selvagem, então, não existe um criadouro de plantas para replantar”, afirma Mangabeira, que é complementado por Coutinho: “existiam plantas que foram colocadas ali sem devido controle, depois retiradas e agora estamos inserindo aos poucos com extremo cuidado para que o paisagismo esteja inserido dentro do contexto da residência.”

Escritório

  • Local: DF, Brasil
  • Início do projeto: 2015
  • Conclusão da obra: 2017
  • Área do terreno: 10000 m²
  • Área construída: 410 m²

Ficha Técnica

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