O casal de artistas plásticos decidiu construir uma Casa Trem em Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo, para estar mais perto da família e ter mais contato com a natureza. O terreno em desnível apresenta áreas reflorestadas e outras de mata nativa, além de clareiras que foram exploradas pelo projeto visando reduzir o impacto ambiental da nova construção. Assinada pela Arkitito, a arquitetura foi desenvolvida tomando como ponto de partida a utilização de elementos industrializados e a ausência de materiais de revestimento. “A vantagem é a redução do desperdício na obra e a eliminação da etapa de acabamento, o que garante uma ocupação mais rápida e menores custos”, detalha Tito Ficarelli, um dos autores do projeto. A obra foi executada em 12 meses.
A vantagem é a redução do desperdício na obra e a eliminação da etapa de acabamento, o que garante uma ocupação mais rápida e menores custos Tito Ficarelli
O aproveitamento das clareiras existentes para a implantação da casa levou a uma construção sinuosa com blocos elevados de seis metros de largura, quatro metros de altura e mais de 30 metros de extensão que serpenteiam pelo terreno como vagões de um trem em movimento. “A região é próxima de uma linha férrea e é possível escutar o apito dos trens que passam por ali. Essa casa é uma homenagem às ferrovias que ainda resistem no Brasil”, conta o arquiteto.
Os quatro blocos são intermediados por vazios que ocupam os vértices, quebrando a linearidade do desenho e proporcionando mais iluminação natural aos interiores. Marcados por pisos revestidos por ladrilho hidráulico, os vazios também respondem pelos diferentes pontos de acesso aos interiores, estabelecendo a setorização clara e a circulação fluida e dinâmica. Os fechamentos alternam grandes caixilhos de alumínio e vidro e blocos de concreto, parte deles com pintura externa na cor preta a fim de mimetizar a casa na mata. Além dos grandes caixilhos que respondem pela ventilação e iluminação naturais, a residência também conta com janelas em caixas de concreto que se projetam das fachadas e com aberturas zenitais que levam mais luz e verde ao interior. As árvores do terreno contribuem para o conforto térmico no interior da construção.
Duas grandes vigas metálicas, evidenciadas pela cor laranja, suportam a laje de piso do tipo painel. Essas vigas remetem à ideia de trilhos ferroviários e direcionam o posicionamento dos módulos construídos. O conjunto estrutural conta ainda com 13 apoios de concreto e repousa sobre uma base do mesmo material. Acompanhando o leve declive para os fundos e para uma das laterais do lote, a distância entre a construção e o terreno varia de 40 centímetros a 2,50 metros. Todos os ambientes internos têm piso de concreto polido e paredes em blocos de concreto em estado natural – a exceção fica por conta dos banheiros, que apresentam revestimento cerâmico nos pisos e na metade inferior das paredes. A cobertura foi executada com laje painel impermeabilizada.
Elevar a casa em relação ao solo foi uma decisão tomada com a finalidade de preservar a topografia original e garantir a livre circulação da fauna sob a construção. Além disso, a medida elimina problemas com a umidade ascendente e facilita o acesso para manutenção das instalações que correm por baixo da laje. De acordo com Ficarelli, outro cuidado de projeto visando a preservação do meio ambiente foi promover a distribuição uniforme pelo terreno da água da chuva proveniente do telhado, mantendo a umidade natural da terra sob a casa para que a vegetação cresça livremente.
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