Implantada com estilo e personalidade na cidade de Bento Gonçalves (RS) com vista para o Vale dos Vinhedos, a Casa Piemonte foi projetada pelo escritório Íntegra Studio Arquitetura adaptando-se às características do terreno: uma área de 892 m² com mais de 20 m de declive.
As arquitetas Josy Nascimento e Mariana Fonyat se inspiraram nas antigas construções italianas da região e tomaram como partido a topografia de encostas arborizadas e solo de basalto para desenvolver a nova morada.
“Colonizada por imigrantes italianos, a região recebeu casas nas quais o pavimento térreo era estruturado em pedras, funcionando como contenção de solo, para que o segundo nível ficasse livre da umidade, normalmente em madeira, onde ficavam os dormitórios”, explicam as sócias.
Seguindo essa linha construtiva mais antiga, o programa da Casa Piemonte acomodou o térreo na cota abaixo do nível da rua, e uma contenção na cota intermediária liberou na lateral do lote um espaço para a garagem, de modo que os moradores não tenham contato com essa parte no dia a dia. Isso fez com que a área social – cozinha e as salas de estar e jantar – ficasse integrada com um pátio isolado que está voltado para o lado oeste, onde a vista para o vale dos vinhedos é quase uma contemplação.
Todo o programa da residência foi organizado em 260 m² e seguiu fielmente o desejo dos proprietários de ter três suítes, todas elas construídas na fachada oeste, justamente para que também aproveitassem a paisagem da serra gaúcha.
Devido às características do terreno, o primeiro pavimento da casa tem um pé-direito duplo de 4,20 m de altura. “Definimos essa medida por conta do escalonamento da topografia na intenção de encaixar a área social no nível do jardim para evitar um forte aterramento”, comentam as arquitetas.
Além de ser uma releitura das casas típicas italianas, as pedras que revestem as fachadas dispensam repinturas com o passar do tempo. Outro ponto importante foi o uso do concreto e da madeira, que, juntos com as pedras, reforçam o contexto de integração do projeto com a mata que o envolve.
Todos os elementos usados na construção da residência foram escolhidos para acolher os moradores nos dias mais frios, já que a região é conhecida por sua baixa temperatura. Os pisos de madeira maciça e pedra de basalto deixam os ambientes mais quentes e íntimos. Além disso, as esquadrias de vidro duplo e o fogão à lenha no centro da sala de estar trazem mais calor para dentro do lar.
Na cobertura da residência foram instaladas placas de energia solar para o aquecimento da água, máquinas de ar-condicionado e reservatórios. E, num canto especial, há um espaço destinado para guardar as madeiras que podem ser usadas no fogão.
Por fim, um detalhe interessante é que a obra foi realizada em duas etapas. “A primeira durou quatro meses e nesse período realizamos o talude de pedras, que criou o plano de implantação da residência. Na segunda etapa, que durou 15 meses, aconteceu todo o processo de construção”, concluem as arquitetas.
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