A Casa Pátio recebeu esse nome quando era apenas um sonho de seus moradores. Em 2018, contudo, o projeto começou a ganhar vida pelas mãos dos arquitetos do escritório 24 7 Arquitetura Design. Localizada no município de Jaguariúna (SP), a residência se acomoda de forma sutil num terreno de, aproximadamente, 1.200 m². O local potencializou o entorno, e o volume principal parece ter sido encaixado, abrindo espaço para o pátio central – o pedido especial da família e o coração da morada.
Apaixonados por natureza, os proprietários queriam uma casa que dialogasse com as áreas verdes e que interferisse minimamente na região, além de ser totalmente direcionada para a sustentabilidade.
Térrea e compacta, a Casa Pátio tem seu programa organizado em 333 m². Como o intuito era aproveitar ao máximo a topografia original do lote, que tem um leve aclive, a implantação foi desenvolvida em formato de “U” para setorizar os volumes, organizados como social, serviços e íntimo – o último está nivelada a 1 metro acima do restante da residência para dar mais privacidade aos dormitórios. “Com tem esse 1 metro de desnível entre a área social e a íntima, fizemos um corredor, que funciona como rampa, bastante suave e que dá acesso aos quartos”, conta o arquiteto Gustavo Tenca.
A morada possui quatro suítes que dominam todo o lado íntimo. Segundo o arquiteto Giuliano Pelaio, trata-se de uma “casa curiosa” e diferente das que estão habituados a projetar, por ser mais introspectiva, não ter piscina e nem área de lazer definida por um espaço coberto. O espaço gourmet recebeu um item diferente a pedido dos moradores: uma churrasqueira móvel, bem ao estilo norte-americano.
Essa churrasqueira fica na parte descoberta do pátio central, junto a um mobiliário externo que acomoda a todos de maneira confortável, o que torna esse espaço a sala de estar da família, só que um pouco mais original, já que é ao livre e possui uma bela vista da natureza. “A moradora gosta muito de cuidar das suas plantas. O que ela mais queria era criar um grande pátio com áreas ajardinadas que cercam por todos os lados”, revela Pelaio.
Pela forte apreciação de plantas e natureza, a biodiversidade foi a base para um ótimo projeto de paisagismo. O jardim é bem natural e generoso, por isso as plantações tiveram que ornar entre si e com a região.
Há uma grande cobertura ajardinada que, além de gerar maior conforto térmico ao interior da Casa Pátio, ambienta o volume com o entorno. Seu acesso é feito pelo lado de fora e é totalmente independente da residência – de lá é possível ter os visuais mais lindos.
As plantas trepadeiras, como a Mansoa di cilis, cobrem os muros e proveem frescor e beleza. Já as árvores frondosas no pátio criam um ambiente totalmente integrado com a residência. Na fachada, o jardim com grande diversidade de cores e texturas deixa a entrada mais naturalista. Árvores frutíferas raras, arbustos melíferos e ores para polinizadores foram plantados, assim como espécies vegetais nativas – Cacto Euphorbia Sipolisii e frutíferas – Cambucá (Plinia edulis) e Fruta do sabiá (Acnistys arborescens). Além disso, a casa também conta com uma horta.
A moradora gosta muito de cuidar das suas plantas. O que ela mais queria era criar um grande pátio com áreas ajardinadas que cercam por todos os lados Giuliano PelaioTodas as plantas, árvores e jardins que envolvem a casa são irrigadas por uma cisterna que coleta água da chuva e a retorna para o jardim através do sistema de irrigação automatizada. “A cisterna tem 10 mil litros, é capaz de armazenar o excesso da água d’chuva e tem um funcionamento de círculo fechado junto com a cobertura ajardinada”, pontua Pelaio.
O pátio conecta diretamente todos os setores e é o grande regulador da temperatura, permitindo a entrada de ar fresco ao interior dos ambientes, por ser bem sombreado. Como sua implantação é bem no centro do terreno, foram criadas três orientações predominantes na casa: a sudeste estão as áreas de serviços, a nordeste estão os dormitórios e a sudeste, o volume da sala.
O pátio também auxiliou na articulação da volumetria horizontal da residência; com isso, extensos beirais foram incorporados às fachadas e se tornaram essenciais na proteção contra os raios solares diretos, proporcionando áreas sombreadas e, claro, aumentando o conforto térmico nos ambientes internos.
A cobertura isolante, inserida no telhado verde, funciona como o aumento de massa térmica no plano horizontal da cobertura e garante que a temperatura interna seja mantida amena durante o inverno e que a entrada de calor seja retardada no verão.
O sistema solar fotovoltaico foi construído para se integrar à concessionária de energia. Os painéis auxiliam para que a casa seja responsável pela geração de sua própria energia consumida, cerca de 5.372 kw/ano; e o excedente gerado poderá ser estocado na rede pública para consumo posterior. “A casa tem placas fotovoltaicas que geram aproximadamente 420 kw e supre basicamente todo o consumo mensal dos moradores”, conta Tenca.
O projeto faz uso de poucos elementos distintos, porém, na maior parte são materiais naturais, como madeira, pedra e concreto. Os moradores gostam muito do aspecto do concreto aparente, por isso ele foi bastante usado na materialidade, inclusive na versão ripado.
Esse estilo de concreto ripado foi fabricado de forma experimental pela equipe da obra, e foi adotado posteriormente como revestimento de toda a casa, como nos forros, nas paredes, no piso (tudo aparente e bem definido). “Esse material [concreto] foi bastante mesclado com a madeira. Temos madeira no piso e nos painéis dos quartos e nos brises da fachada”, comenta Tenca.
Já os pisos internos do pátio são drenantes, com exceção da rampa de acesso da garagem e do acesso social. Há também um piso de concreto monolítico internamente na casa. Por fim, tem também a pedra natural, um tozeto de moledo still blue, com o tom meio azulado.
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Casa M Jardins, por Drucker Arquitetos Associados
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