Casa JR

Refúgio aconchegante

Texto: Vitória Oliveira

A Casa JR está localizada no bairro de Pinheiros, São Paulo, e foi projetada a partir de um imóvel existente que teve a maior parte de sua estrutura mantida. No entanto, ao longo da demolição, o escritório Pascali Semerdjian Arquitetos percebeu que a construção estava comprometida e os ajustes estruturais teriam de reformados.

Os arquitetos foram guiados por alguns elementos principais, sendo o primeiro deles o programa passado a nós pelos clientes, um casal jovem com três filhos. A partir disso, adequaram a ideia de projeto e necessidades do cliente as limitações de uma casa existente, porém com alguma liberdade de ajustes estruturais. Esses ajustes nos deram mais flexibilidade projetual e espacial, viabilizando assim os desejos dos clientes.

Outro ponto importante decidido inicialmente foi a manutenção da fachada original da casa: tanto o volume de tijolos brancos como a varanda trapezoidal de concreto eram elementos que nos cativaram na primeira visita ao local.

Já a fachada dos fundos foi totalmente reformulada, especialmente em função da nova planta onde a sala se abre completamente para o jardim nos fundos e três quartos com janelas idênticas são dispostas ao longo da parte superior do volume.

Na foto, a área gourmet Foto: Ricardo Bassetti 

O trabalho do escritório também foi minuciosamente desenvolvido em elementos arquitetônicos que conectam os interiores ao exterior, como por exemplo o teto de madeira que conecta a sala de jantar ao pátio externo da churrasqueira: internamente as réguas de madeira trazem conforto acústico e visual e são responsáveis pela iluminação indireta do ambiente.

Pelo lado externo, a madeira protege do sol criando um espaço sombreado e aconchegante. Seguindo essa mesma linha de continuidade, a bancada da cozinha vira o aparador na sala de jantar e uma bancada de trabalho de churrasqueira na varanda externa. Outro elemento sutil e especial do projeto é o bar na sala de jantar: com seu desenho em formato de “Pêra”, as portas de abrem para cima revelando um nicho espelhado. Todos os desenhos de interiores e escolha de mobiliários, quando não desenhados, foram feitos pelo escritório.

O maior obstáculo do processo foi definitivamente estrutural. A descoberta do subdimensionamento das vigas e lajes da casa original atrasou a obra e elevou os custos iniciais. Para que grandes e onerosos reforços estruturais não precisassem ser feitos, as paredes de alvenaria do andar superior e cobertura foram removidas e substituídas por paredes de painel wall, mais leves, para aliviar a carga da laje. O telhado também foi substituído por uma leve telha metálica, reduzindo também o peso da cobertura.

A configuração espacial da casa e a distribuição do programa foram direcionadas pela implantação original da casa no andar inferior. Basicamente os acessos, distribuição interna e aberturas foram bastante alterados. Já no andar superior, o desejo dos clientes de três suítes para os filhos para além do quarto do casal gerou a redistribuição total da planta e consequente alteração das fachadas. A suíte principal passou a ocupar toda a frente da casa se abrindo para a varanda trapezoidal.

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