Cliente e admirador antigo do trabalho do Estúdio Penha, o proprietário de um terreno de 17 mil m², localizado a 100 km da cidade de São Paulo, confiou ao escritório a concretização do grande sonho de sua vida: a Casa Ibiúna. A residência foi toda reformada pela equipe de arquitetos para se transformar num aconchegante refúgio de fim de semana.
Construída em um vasto terreno e rodeada pela natureza, a casa de campo, tem, desde o início, a finalidade de ser um local de reuniões e festas para família e amigos, então, justamente por este motivo, precisava de alterações estruturais que valorizassem o convívio e o entorno.
Apesar da arquitetura bem marcada, o projeto original era compartimentado, voltado para dentro e tinha uma relação quase nula com o exterior. Tudo isso foi revisto pelos arquitetos, que buscaram aprimorar os espaços e potencializar as virtudes da construção existente.
Como toda reforma, a obra logo apresentou seus desafios. O principal foi adequar os espaços para que pudesse haver integração entre os ambientes, rompendo a barreira entre dentro e fora e criando passagens fluidas.
Criamos um telhado e uma pérgola de vidro, de maneira que todas as pessoas no chuveiro olhem para o céu e sejam banhadas por luz natural Verônica Molina
A cozinha foi realocada. O forro, que antes “encolhia” o interior do imóvel, foi retirado e o telhado recebeu reforços aparentes. Já a sala foi reformulada para ser o coração da casa. O objetivo dos arquitetos era fazer dela um cômodo grande e importante. Sua nova versão, ampla e unificada, tem, de um lado, uma porta de vidro diretamente relacionada com o extenso pátio interno, e outra que se abre para a piscina e a represa. Paralelas, elas permitem que a luz natural e os olhares passeiem entre os espaços, agora integrados.
Com elementos rústicos que são vistos em cada detalhe do projeto, a sala é o eixo central que concentra estar, jantar e living com lareira. A arquitetura sensorial foi o grande conceito do Estúdio Penha. O sistema de ventilação cruzada convida o aroma do campo para entrar e a grande parede de pedra, que divide o protagonismo com o piso de tijolo, proporciona aspereza rudimentar ao toque.
Para um espaço que é cheio de afeto e memória para o proprietário, que é dono de restaurante, o estúdio propôs um estilo de cozinha de fazenda que contrasta com a forte presença do inox e sua característica industrial.
Elementos chave dão a singularidade que a área pede. Para o piso, a escolha foi o ladrilho hidráulico desenhado; nas muretas da ilha e meias paredes baixas, foi usado ladrilho hidráulico vermelho, que se assemelha com a terracota do tijolo.
Intermediados pela aconchegante sala, os quartos são separados em duas alas, uma com duas e a outra com três suítes. A aposta para o piso desses ambientes mais íntimos é a madeira cumaru, material de demolição de cor caramelo e rugosidade na medida ideal.
As duas extremidades da casa guardam os dois maiores dormitórios, que, apesar de terem amplas aberturas e genuíno contato com a paisagem, contam com banheiros onde a luz natural entra pelo telhado e paredes unicamente de vidro.
A área de lazer segue fielmente a proposta inicial do projeto. Lá, a tubulação aparente que virou marca da casa contrasta com a fachada de tijolinhos. Na varanda, as vigas de metal se juntam com as de madeira e seguem por toda a extensão da obra. Dentro e fora, o mesmo piso elimina barreiras e complementa o jogo de texturas.
Nossa maior inspiração para romper as fronteiras entre dentro e fora e ter integração total foi esse entorno convidativo, a represa, o pôr do sol maravilhoso, uma vista incrível... Vitor Penha
Anexada ao bloco principal está a sala de jogos, pensada para ser mais um ambiente de descontração, diversão e relaxamento. Composto por uma grande televisão, mesa-ateliê para confecção de produtos manuais e academia, o espaço ainda foi agraciado com uma sauna de largos caixilhos, que deixam a vista livre para a cozinha gourmet, a piscina e a represa.
Seria possível dizer que o paisagismo de Barbieri + Gorski trabalhou lado a lado com o projeto de arquitetura, mas foi mais do que isso. A realidade é que a Casa Ibiúna é abraçada por grandes árvores, permeada por diferentes caminhos e privilegiada com mirantes essenciais para contemplação da piscina que se mimetiza com a represa.
A intenção dos arquitetos foi fazer com que, sem perder a sensação de profundidade, o reservatório artificial de água fosse confundido com o infinito do natural. Então, o revestimento de toda a área de descanso ficou por conta da pedra de arenito vermelho e o interior da piscina recebeu a sutileza da ardósia verde.
Também assinado pelo Estúdio Penha, o projeto de interiores potencializa a integração das áreas internas e externas para que tudo se mantenha fluídico. Nele, a rusticidade aparente, a inserção de materiais naturais, a escolha por tecidos e a criação de microclimas aconchegantes evidenciam o claro conceito de casa de campo.
De acordo com Verônica Molina, o escritório acredita que o interior não é mais do que um resultado da arquitetura, entendendo que a definição dos materiais, a escolha das cores e a seleção de elementos são, além de funcionais, parte da linguagem artística.
A composição mobiliária é um mix completo de itens de garimpo, itens novos e peças já existentes. A proposta, que mescla o estilo da casa de interior com a personalidade urbana da família, resultou em conforto, originalidade e afeto.
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