Casa do Cerrado

Leveza arquitetônica no cerrado

Texto: Ana Marquez

Projetada em 2015 pelo escritório Vazio S/A, a Casa do Cerrado está localizada no sopé da Serra da Moeda, em Minas Gerais. Nos seus 142 m² de área construída, destacam-se uma piscina criada no terraço e uma escada externa que dá acesso a esse espaço, cuja função é também servir de mirante aos moradores.

Segundo o arquiteto Carlos Teixeira, a intenção foi explorar esses dois elementos arquitetônicos – piscina e escada – de forma funcional. “Tivemos influência da arquitetura brutalista dos anos 1960 e 1970, das obras de arte da engenharia e de arquitetos contemporâneos”, relata.

Para ele, existe um jogo entre forma e função na residência que é espontâneo e não dogmático. As rampas e as escadas da piscina estão estampadas nas fachadas e configuram o espaço interno das salas. “É uma estratégia que explora a relação do programa e da forma, de modo independente e, também, como gerador do caráter da casa”, explica Teixeira.

Exterior define interior

Quando se observa a Casa do Cerrado, a impressão que se tem é que a residência levita na paisagem, expondo sua estrutura de concreto aparente. Não há desenho de fachada; o que determina sua forma é a piscina, as rampas, os degraus, o piso, entre outros elementos.

O projeto foi feito com mão de obra local. A fachada de vidro está voltada para o sol intenso do norte e oeste, mas os brises de madeira de eucalipto garantem proteção, conservando a temperatura das áreas sociais. Outra vantagem dos brises é proporcionar privacidade aos usuários da residência.

Na Casa do Cerrado, as salas de estar e jantar ficam abrigadas sob a piscina e têm uma vista incrível da região. Com exceção dos quartos (três ao todo), os ambientes são fluidos e com poucas paredes. “Ao mesmo tempo em que buscamos explorar a plasticidade dos elementos arquitetônicos básicos, o projeto exaltou o rico bioma do Cerrado. Não há projeto de paisagismo, e a casa assenta-se sobre o entorno, que pode ser contemplado do mirante”, conta.

Segundo Teixeira, ao se inverter a posição da piscina, utilizando-a como telhado, foi possível recuperar elementos perdidos da arquitetura residencial. “Propor uma piscina-mirante responde à imensidão e à beleza da paisagem do entorno”, conclui.