Em 2015, a 21ª edição da Casa Cor Minas foi marcada pelo conceito de brasilidade, que inspirou um dos ambientes da mostra, desenvolvido e nomeado pela arquiteta Cristina Menezes: a Casa de Vidro. Nele, a arquitetura completamente envidraçada faz jus ao nome do projeto por alcançar a transparência e a total integração dos moradores com a natureza existente no lado de fora.
O projeto arquitetônico se apresenta como uma pequena vitrine de apenas 60 m² de área construída. Sustentada pela estrutura de aço aparente, a caixa, definitivamente, garante a leveza do espaço e não prejudica a principal premissa – a vista do exterior, cujo projeto de paisagismo é assinado por Flávia D’Urso e apresenta diversas plantas típicas do território brasileiro.
“A concepção da Casa de Vidro pretendia representar a ideia de como o Brasil era visto por dentro. É por isso que o teto e as paredes são totalmente revestidos de vidro”, conta Menezes a respeito do principal material aplicado no ambiente.
Em contrapartida, para oferecer um aspecto mais aconchegante e humanizado, o projeto de interiores utiliza materiais como madeira, pedras e tecidos com texturas, cores e design em referência aos anos 60.
O tipo de vidro especificado para a residência foi o laminado; então, quem está do lado de dentro consegue ter total visão do exterior, o que não acontece pelo ponto vista inverso, por exemplo. Dessa maneira, prevalece a intimidade dos indivíduos sem fugir da proposta de integração com o entorno do local.
Segundo a arquiteta, outra vantagem do material é que ele protege a Casa de Vidro contra a incidência dos raios UV em 100%, além de garantir o isolamento térmico em 71%.
“Com o auxílio das persianas e cortinas, também é possível controlar tanto a privacidade quanto a entrada de luz nos ambientes internos”, acrescenta Menezes.
Desde o início da obra, o objetivo era evitar o desperdício e eliminar a produção de lixo. Para isso, o projeto foi inteiramente modulado, de acordo com as dimensões das lajes de vidro e dos perfis “I”, que conformam a estrutura de aço. “O sistema é todo parafusado, enquanto o vidro segue colado a ele com silicone estrutural. Sem soldas, o imóvel pode ser transportado para qualquer lugar”, explica a profissional.
Outro diferencial da residência se deve ao fato de ela ser autoportante, ou seja, apoiada em uma única extremidade sem que haja necessidade de fixação ao solo. Por conta disso, optou-se pela fundação de sapata, em perfil “I” de aço que, externa ao terreno, facilita a implantação e permite a passagem das tubulações no vão formado entre o piso e o terreno.
Ainda assim, para reforçar o conceito de sustentabilidade estabelecido na Casa de Vidro, a terra retirada para implantação da piscina – feita de pastilhas de vidro – foi reaproveitada no preenchimento do contrapiso da residência. “Vale lembrar que também utilizamos iluminação de LED, além de escolhermos madeira certificada para o piso e deck”, ressalta.
Dos 101 projetos brasileiros inscritos no iF Design Award 2016, o projeto Casa de Vidro foi um dos 38 trabalhos premiados, na categoria Arquitetura e Interiores.
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