Intrigante do início ao fim, a residência planejada pelo escritório spbr para um casal – ela, consultora Não havia interesse em obter o máximo de coeficiente construtivo e aproveitamento, mas o máximo coeficiente de jardim e de luz Angelo Bucci de moda; ele, um filósofo – nasce no contrafluxo dos projetos-padrão desenvolvidos usualmente. A construção é uma casa de fim de semana, erguida em um lote de 10 x 25 m e criada para proporcionar confortáveis e prazerosos momentos de descanso e repouso, mas localiza-se na movimentada capital paulista.
O partido tem uma bela piscina, que em vez de um tanque enterrado, como a maioria, destaca-se elevada na superfície, ao longo da cobertura e orientada exatamente no sentido da rota dos aviões, que passam a cada 5 ou 7 minutos.
E mais: aqui, prevaleceu o desejo – incomum – dos donos, que já moram em um apartamento em São Paulo: “Não havia interesse em obter o máximo de coeficiente construtivo e aproveitamento, mas o máximo coeficiente de jardim e de luz”, expõe o arquiteto e autor, Angelo Bucci. Por isso, o programa principal é a piscina e o jardim – não a morada.
Angelo Bucci relembra o quanto foi interessante ouvir dos proprietários a vontade de permanecer em São Paulo nos fins de semana, em vez de seguir para o litoral ou para o campo, evitando o trânsito. “Este projeto nasceu no contrafluxo do tráfego. Ele alivia o movimento de saída dos carros, esvazia as ruas e ocupa a cidade quando ela tende a ficar deserta”, reflete.
O programa surge fundamentado em um jardim localizado no térreo e uma piscina com solário, na cobertura. À esquerda, a piscina de raia de 17 m localiza-se no corpo suspenso, a 6 m do chão, que é o limite de altura permitido na região pela legislação. À direita, sobre a casa, fica o solário cuja superfície plana revestida de pedra portuguesa desdobra-se em degraus até transformar-se em uma suave rampa. “Um contrabalança o outro”, explica Bucci. No início do projeto, a ideia era ter uma piscina térrea, mas isso limitava a insolação, por causa das sombras proporcionadas pelas residências vizinhas. Suspendê-la trouxe também o benefício de aproveitar ainda mais a superfície disponível. Com fácil acesso por meio de duas passarelas, a ‘pequena praia’, oferece iluminação natural plena e convida a tomar banho de sol admirando a vista proporcionada pelos telhados, grandes avenidas e prédios comerciais. “Em uma casa comum, o lazer geralmente seria o programa complementar, porque a casa – o morar – é o programa essencial. Do ponto de vista urbano, é como focar em uma coisa periférica. E este foi o grande desafio do projeto”, define o arquiteto.
Entrar na Casa de fim de semana é uma experiência sensorial. Em todos os níveis, pequenos pátios, O lazer geralmente seria o programa complementar, porque a casa – o morar – é o programa essencial. Do ponto de vista urbano, é como focar em uma coisa periférica. E este foi o grande desafio do projeto Angelo Bucci deques, caminhos de madeira no piso, diversas plantas, espelhos d’água e bicas convidam a admirar o verde, a tocar na água, sentir o cheiro de terra e a ouvir o barulhinho bom das bicas. Tanques e espelhos criaram um circuito de águas interligado pelos andares, cujo líquido é bombeado por máquinas. Para entender a riqueza da flora existente no lugar, o paisagista Raul Pereira explica que há três extratos na edificação. No pavimento térreo, ele trabalhou o sub-bosque da Mata Atlântica: antúrios, filodendros, palmeiras, plantas rasteiras e um ecossistema de mata ciliar. No piso superior, no qual está a cascata, há uma horta com especiarias e temperos: pimenta, salsa, cebolinha, manjericão, alecrim e a trepadeira glória-da-manhã, preferida da proprietária. “Na cobertura, de onde vislumbra-se a paisagem urbana da cidade, figuram as folhas das palmeiras. Para lembrar que o jardim nesta construção ocupa um lugar muito especial, lúdico e poético”, finaliza o paisagista.
Os poucos ambientes da construção são distribuídos pelos andares. No térreo, salas de estar, jantar e cozinha estão totalmente integrados entre si e inteiramente abertos para o jardim. É o espaço usado para recepcionar familiares e amigos. Ao subir uma escada com blocos autônomos de concreto engastados na parede, chega-se ao primeiro andar, que é dividido em duas partes: aos fundos do lote, uma saleta com a suíte do casal; à frente, o apartamento do caseiro.
Os materiais mais utilizados na obra – concreto aparente, pedra portuguesa, aço (zincado, para proteger contra a corrosão) e vidro – demandam pouca manutenção porque resistem bem às intempéries, fazendo que a conservação do edifício seja de baixa complexidade. Com estrutura de concreto armado in loco, as divisões internas do dormitório do casal e do apartamento do caseiro foram feitas com placas cimentícias de pequena espessura. O material recebeu na superfície uma pátina de polímero impermeabilizante que dispensa cuidados a curto prazo. Já o metal está presente nas várias escadas que interligam os pavimentos. A principal, localizada entre o bloco do dormitório/apartamento e o volume da piscina, tem grades metálicas que deixam a luz atravessá-la e iluminar o térreo. O acesso ao lado do quarto do casal é de metal dobrado simples, com ranhuras para evitar escorregamento. As grelhas de metal zincado presentes na passarela entre a piscina e o solário, os guarda-corpos e caixilhos de alumínio também dispensam cuidados frequentes. Quase toda a casa, com exceção da fachada, exibe vidros de 1 centímetro de espessura, responsáveis pelos fechamentos externos do perímetro. Com ótimo custo-benefício, eles dispensam manutenção especial. A fachada é formada por um painel ripado de madeira disposta na vertical, com uma única abertura: uma pequena janela quadrada. Como recebe parte do sol da manhã e a umidade das lâminas e quedas d'água, ele precisa ser selado periodicamente.
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