Um projeto acolhedor, aconchegante, atemporal e inédito — assim é a Casa Cipó, idealizada pela parceria entre o escritório Daniel Fromer & Arquitetos e Kika Camasmie. Situada na Bahia, a morada pertence à designer de interiores Fernanda Beret, que conta ter se apaixonado logo de cara pelo terreno, por um motivo especial: o cipó preexistente, ao redor do qual a casa foi erguida.
Antes de começar a idealizar o espaço, Fernanda e o marido citaram pontos importantes a serem priorizados no projeto. O casal tem uma vida social agitada e gosta de receber muitos convidados, fazendo necessário um espaço para hóspedes.
Além disso, o marido ama cozinhar, portanto a cozinha deveria receber atenção especial no layout. E, por fim, a proposta que ditou todo o design da casa: a paixão da designer por brasilidades — sobretudo pelo escritor baiano Jorge Amado.
Ao idealizar uma casa que fosse como uma “versão contemporânea chic de ‘Gabriela Cravo e Janela’”, romance de Jorge Amado, o design logo foi definido. A paleta de cores seria neutra, com cores da terra e do barro. Entre os materiais e revestimentos, bastante madeira e elementos que não vedassem a conexão da casa com a natureza. No mobiliário, preferência para o rústico e artesanal. O foco era construir uma casa ‘porosa’, simples e natural.
Pensando nisso, a equipe de arquitetos criou três blocos separados — um bloco social, um bloco de hóspedes e um bloco íntimo, sendo que dois primeiros ficaram um de frente para o outro.
Os blocos social (à direita) e de hóspedes (à esquerda) ficam de frente um para o outro, facilitando a integração. No meio, o cipó
No bloco social, ficaram: sala de jantar, que é, ao mesmo tempo, conectada à cozinha e integrada à sala de estar, e que também atua como varanda, além de despensa, lavanderia e lavabo. O intuito era aproveitar ao máximo a área útil desse pavimento, criando fluidez entre eles.
Havia uma preocupação muito grande do casal com o quesito sustentabilidade. Ainda no bloco social, algumas técnicas se destacam, como a utilização de alvenarias caiadas nas paredes, ou seja, a pintura feita à base de cal. Há, ainda, a reutilização de piso cerâmico de lajotas de produção local nos pisos, de telhas de coxa de antigas construções no teto, além do uso de esquadrias feitas de peroba de demolição.
A mão de obra também foi local — em especial, por conta de a construção ter acontecido durante o período severo de pandemia. Com a obra, a designer viu a oportunidade de auxiliar a população no entorno ao dar preferência para o artesanato feito pelos produtores locais.
Seguindo para o bloco de hóspedes, o pavimento ganhou dois andares. No inferior, ficam sala de TV, lavabo, uma suíte de hóspedes e escritório. No superior, duas outras suítes, espelhadas.
Por fim, no bloco íntimo, mais afastado, a sala conecta as três suítes, do casal e das duas filhas. Além disso, o cômodo ganhou portas e janelas com aberturas generosas para os jardins.
Em um aspecto geral, o projeto de Daniel Fromer & Arquitetos e Kika Camasmie priorizou estratégias de ventilação cruzada, iluminação natural e arejamento da casa, de forma que a temperatura permanecesse amena e o uso de ar-condicionado fosse reduzido.
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