Entre a moradia, em São Paulo, e o trabalho na Universidade Estadual de Campinas, um professor decidiu construir um refúgio na cidade de Vinhedo. “A casa, portanto, não é uma residência permanente nem uma casa de férias convencional, mas um lugar de devaneio e contemplação, ocasionalmente de trabalho, longe da agitação da metrópole”, comenta Pep Pons, arquiteto que, junto com Matteo Arnone, comanda o Atelier Branco.
A partir de duas vontades explícitas no briefing – a necessidade de um lugar para ler, imerso na vibrante vegetação do local; e a necessidade de um lugar para meditar, repousado sob a placidez dos céus subtropicais sem limites – os arquitetos desenvolveram o programa da Casa Biblioteca.
Os arquitetos tiraram proveito da porção do terreno que mais recebia sol, no topo, para pousar o programa voltado para o norte, com vista total para a Mata Atlântica.
“Devido aos atributos topográficos do terreno, o projeto segue um raciocínio ‘seccional’ distintivo, de tal forma que a disposição espacial e funcional do projeto é quase inteiramente articulada na relação entre duas linhas de borda”, explica Pep. Uma delas é a linha do solo que forma amplos patamares horizontais, próprios para habitação, e a outra a do telhado, que cria um ponto de referência entre a topografia e o céu claro da região.
No pavimento térreo está a sala completamente envidraçada – que dá a nítida sensação de transparência. Por outro lado, também recebe os únicos ambientes completamente vedados pelo concreto, os lavabos.
Na plataforma central está o estúdio do cliente, que é a área da casa mais diretamente conectada à paisagem, com duas portas de vidro posicionadas ao centro e localizadas em um dos lados mais curtos. As áreas de dormir estão localizadas no terraço mais alto do projeto, em um espaço íntimo e pouco iluminado de 2,35 metros de pé-direito.
As áreas de estar e de jantar ficam mais afastadas da entrada da casa, com vista para a vegetação ao redor.
A nitidez do layout arquitetônico é reforçada pela seleção dos materiais escolhidos, como madeira, perfis de ferro e a onipresença do vidro. “O todo é quase integralmente envolvido por uma única fachada envidraçada, na qual os motivos de perfis e design de ferro seguem a icônica tradição paulistana dos anos 50”, completa Pep.
Em toda a estrutura realizada em concreto armado in loco – concretada sob a direção dos arquitetos em um único dia de trabalho – o que mais chama atenção é a cobertura, tanto por fazer a articulação do programa quanto por sua aparência. “Trata-se de uma laje retangular de 15 cm de espessura sustentada por oito pilares esguios que, embora ‘básicos’ em sua resolução formal, distinguem-se pela beleza de suas partes construtivas.”
Muito além de uma cobertura, o local transformou-se em uma área de convivência, pois o parapeito convencional deu lugar a um convés circundado por um leito de água de um metro de largura que define uma ilha central de madeira.
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