A palavra que sintetiza o projeto da Casa Alpha A1, assinado pela Arquitetura Viva, está na boca do povo, mas ainda esbarra em muito estudo e pouca prática, sobretudo aqui no Brasil – sustentabilidade! A partir desse conceito, a arquiteta Luana Lousa incorporou outras duas estratégias para projetar a residência: permacultura e bioarquitetura. Desse conjunto de ideias deu-se origem a uma morada praticamente autossuficiente, que emprega materiais reaproveitados e sustentáveis, além de sistemas de reúso de água, telhado verde, painéis fotovoltaicos, aquecimento solar e paisagismo comestível.
São tantas as inovações da Casa Alpha A1, que Lousa a intitula como “casa-escola”. Para ela, trata-se de um grande laboratório, escritório e gerador de conhecimentos e práticas ecológicas, que apresenta novas formas de viver em harmonia com o meio ambiente. Essa é a diretriz dos conceitos de permacultura e bioarquitetura.
No site da Arquitetura Viva, o escritório explica uma de suas principais ideias, que de tão recente até mesmo os dicionários desconhecem. Segundo a plataforma, permacultura é um método de design que procura desenvolver ambientes humanos produtivos e sustentáveis, que respeitem as regras naturais dos ecossistemas. Já a bioaquitetura busca criar edifícios semelhantes ao local onde se encontram, por exemplo, utilizando materiais que ali existem, como barro.
De acordo com Lousa, na Casa Alpha A1 não há desperdícios de água, pois ela é captada, reciclada e reutilizada. Toda a “água cinza”, proveniente de torneiras, chuveiros e lavanderia, passa por um sistema de filtragem, para posteriormente regar frutíferas e algumas espécies ornamentais que demandam pouca manutenção. Ou seja, o paisagismo é irrigado a partir da água de reúso.
A “água negra”, que vem da descarga dos banheiros, passa por um sistema de tratamento de esgoto diferente: uma “bacia” de evapotranspiração formada por folhas de bananeiras. “Isso gera resíduo mínimo e cria um microclima local”, afirma Lousa.
A irrigação dos telhados verdes é feita com água pluvial captada por um reservatório inferior de quase 300 mil litros, que, por sua vez, também abastece as bacias sanitárias. Sobre este tanque funciona uma área de lazer ao ar livre.
Em termos energéticos, o projeto contempla a produção de energia por células fotovoltaicas, aquecimento solar de águas e sistema de iluminação automatizado com lâmpadas de LED. Por outro lado, os sistemas passivos de iluminação e ventilação, com aberturas zenitais de vidro, concedem grande economia de energia e melhor qualidade do ar interno.
Para reforçar a concepção sustentável, a Arquitetura Viva preocupou-se com a utilização de materiais ora reaproveitados do local, ora sustentáveis. Além desses critérios, eles foram escolhidos para garantir o conforto termoacústico da Casa Alpha A1.
Enquanto a fachada principal foi feita em concreto, para vencer o vão proposto de 26 metros, as vedações e as paredes internas adotaram a alvenaria de adobe – tijolos de terra crua que medem 20x20x40 cm. “Além de excelente isolante termoacústico, é altamente biocompatível, ou seja, o corpo humano tem identidade com este material, pois temos componentes em comum”, explica Lousa.
Outras paredes foram erguidas em pedras que seriam descartadas nas pedreiras. Da mesma maneira, acabamentos, portas, portais e closets são feitos com madeira de demolição, inclusive os móveis. “Montamos uma marcenaria para que todo o mobiliário fosse produzido in loco”, ressalta a arquiteta.
Parte das fachadas, assim como os brises da varanda, ainda são envelopadas por placas de madeira mineralizada, que também possuem bom desempenho termoacústico. No piso foram usados materiais feitos de linhaça, pedras, madeiras e concreto polido.
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