O Bicentennial Cultural Center – Centro Cultural Bicentenário, em português – é considerado um espaço cívico marcante da capital argentina Buenos Aires. O edifício, que também abriga um museu, foi reformado para reverter a condição de fragmentação e degradação da região de Puerto Madero, uma das mais emblemáticas da cidade.
O start da projeção foi precedido por um concurso de ideias que decidiu o destino do antigo Palácio dos Correios e Telégrafos. A solução arquitetônica não era simples, uma vez que os limites impostos pela preservação do prédio pareciam contradizer as disposições do novo programa, cujo coração estava em um salão enorme de sinfonia. Foi solicitado também que os competidores propusessem ideias para o ambiente urbano.
Por seu tamanho e importância urbana, o Bicentennial Cultural Center tornou-se parte fundamental das celebrações do ano de 2010, quando se comemorou o centenário da independência argentina.
Com 70.000 m² de área construída, o edifício já ocupava um terreno de aproximadamente 12.500 m². O Palácio de Correios e Telégrafos surgiu a partir da proposta de construção de uma sede adaptada à importância dos serviços oferecidos de correspondência, centralizando o gerenciamento das atividades.
O projeto foi solicitado ao engenheiro italiano Francesco Tamburini, então responsável pela construção de vários edifícios públicos, como a Casa Rosada e o Teatro Colón. A oferta foi rejeitada para depois ser confiada ao arquiteto francês Norbert Maillart, estudante excepcional de Julian Guadet, um dos grandes mestres da École des Beaux-Arts – a mais famosa escola de artes francesa.
O trabalho começou com várias alterações no edifício, incluindo a substituição da estrutura de sustentação de alvenaria por um esqueleto de metal, diminuindo assim a magnitude das cargas, devido ao peso das paredes e a concentração de apoio requerido pelos grandes espaços para atividades. Essas mudanças foram necessárias devido à má qualidade do terreno local. As pedras de concreto sólido da fundação foram substituídas por estacas de concreto armado e uma laje para conexão.
Dois escritórios de arquitetura venceram o concurso: B/B/B/S Estudio Bares e BF Architectos, comandados pelos arquitetos Enrique Bares, Federico Bares, Bares Nicolas e Florença Schnack, da cidade de La Plata; e Daniel Becker e Claudio Ferrari, de Buenos Aires, respectivamente.
A edificação deveria ser revitalizada para ligar culturalmente o Puerto Madero e o centro histórico, além de ser novamente um elemento-chave, uma estrutura ativa, permeável e vibrante, que combinasse com o entorno a partir de um plano de uso dividido em vários níveis. Uma das exigências era que a reforma mantivesse o valor e a herança histórica traduzidos na estrutura do prédio. Ou seja, era necessário preservar ordens, simetrias, planos e bordas na íntegra, tanto nas áreas externas quanto nas internas.
Também deveria aproveitar a centralidade do lugar para propor um reordenamento do transporte coletivo, viabilizar um parque linear ao redor do prédio e conectar as áreas internas e os espaços culturais com o exterior, onde estariam os novos terminais e a praça.
O interior do Bicentennial Cultural Center ganhou novos espaços, que criam um forte contraste com a vedação existente e preservada ao máximo. Nas salas de museus de diferentes tamanhos e formas, é possível encontrar as diferentes equipagens para produções e eventos de arte contemporânea, como salas sinfônicas, câmara de música, galerias, restaurantes, entre outros ambientes.
As necessidades do programa incluíam uma grande sala de concertos locais para até 2200 pessoas, uma orquestra de 120 artistas e um coro de 150 membros, além de um órgão de tubos. Com a reforma, incluiu-se uma câmara viva com 700 lugares, três auditórios de diferentes tamanhos, quartos para a realização de testes específicos, uma área para o Museu dos Correios e Telecomunicações, showroom de arte, história e exposições temporárias, espaços para organizações culturais, escritórios administrativos e lojas ligadas a essas atividades.
Os destaques do resultado final são os quadrados de sobreposição no espaço: o piso térreo, que foi transformado em um "corredor cultural" e conectado com as áreas externas do transporte coletivo; a "Praça do Museu" no grande auditório, destinada a exposições temporárias; e o terraço panorâmico, que agora se abre para uma nova área de uso e é privilegiado com a bela vista do centro da cidade.
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