Influenciado pelo trabalho modernista da arquiteta Lina Bo Bardi, o arquiteto e designer Paulo Alves, do escritório Estúdio Paulo Alves, projetou o retrofit da Biblioteca do Sesc Bom Retiro. Sua intenção era fugir dos padrões bibliotecários, delimitando o espaço sem criar uma barreira com estantes.
O Sesc – Serviço Social do Comércio – é uma instituição brasileira privada e sem fins lucrativos, que prioriza espaços de convivência. Sua demanda para o projeto era uma arquitetura voltada para o usuário, e Alves seguiu fielmente todas as premissas, implantando locais para leituras individuais, mesas coletivas, área para deficientes visuais e um ponto mais confortável, onde o leitor pudesse deitar e descansar. As crianças também foram contempladas na biblioteca, pois para elas foi idealizada uma brinquedoteca livre de móveis.
“O espaço aberto me deu liberdade para um mobiliário amplo, sem divisões visíveis entre os espaços de leitura, poltronas, mesa coletiva e área para pessoas com necessidades especiais”, explica o arquiteto.
As paredes curvas ao fundo da biblioteca, os nichos sob as escadas e a estrutura metálica aparente que contrasta com as paredes brancas fazem parte da arquitetura original mantida durante a reforma.
Logo na entrada, a grande mesa de leitura de 10 m – com iluminação central de LED flexível por todo seu tampo, pontos de acesso à internet e tomadas, wi-fi – já sinaliza um espaço coletivo diferenciado e automatizado.
As estantes foram colocadas no fundo, dando amplitude e convidando as pessoas a entrarem e usufruírem da Biblioteca do Sesc Bom Retiro. Diferente de outros locais onde o balcão fica na frente, inibindo as pessoas a explorar e descobrir livros, nesse projeto ele foi deixado próximo de uma das escadas.
“O layout disposto de forma aberta e simétrica convida o usuário a entrar na biblioteca e atravessar as áreas de leitura até a parede do fundo onde a maioria dos livros está colocada”, declara Alves.
Os dois vãos sob as escadas metálicas foram bem aproveitados. À direita foi acomodada a bancada com os equipamentos que facilitam o acesso aos deficientes físicos e visuais; à esquerda, com módulos expositores e dois nichos "casulos", o visitante pode entrar e ficar numa posição bem preguiçosa para desfrutar de uma gostosa leitura e até mesmo um cochilo.
Na parte central, dividindo o ambiente, há uma estante para periódicos que deixa os exemplares mais disponíveis e próximos das poltronas. As mesas com bases metálicas conversam com as estruturas do edifício, além de serem uma solução prática para locais de grande circulação. Os tapetes tornam o clima aconchegante e trazem um ar residencial para esse tipo de ambiente que usualmente é frio.
Pensando em tornar a leitura mais prazerosa, o arquiteto Paulo Alves desenvolveu o projeto de iluminação a partir do vão central mais iluminado do edifício. Nesse sentido, destaca-se, ainda, a mesa com pequenas luminárias direcionáveis, que permitem uma apreciação mais confortável.
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