Quando o Studio dLux foi convidado para desenvolver o projeto arquitetônico da nova unidade da escola bilíngue Bernoulli GO, tinha como premissa traduzir a visão pedagógica dos clientes, que desejavam ambientes abertos, flexíveis, arrojados e lúdicos. “Queríamos transformar um antigo edifício industrial em algo moderno, para inspirar e acolher profissionais e alunos num ambiente totalmente moldado ao processo de ensino inovador da rede”, conta o arquiteto Denis Fuzii.
Localizada no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte (MG), a unidade é a primeira a atender crianças na primeira infância. Assim, reformar uma edificação existente, usada antigamente como indústria e escritórios, foi inspirador e ao mesmo tempo um grande desafio para os arquitetos, que apostaram numa decoração alegre para fugir dos padrões escolares e criar um mundo à parte para os pequeninos.
O prédio anterior era antiquado e mal iluminado devido à falta de aberturas e ao pé-direito baixo – 2,4 metros por andar. Como a Bernoulli GO precisava de algo que atendesse às necessidades dos alunos, o trabalho exigiu uma entrega detalhada, com processos e construção eficientes.
Apesar de ter dois grandes átrios centrais abertos, o prédio recebia pouca luminosidade. Para reverter isso, uma das soluções encontradas foi abrir ao máximo as áreas voltadas para esses pátios, fazendo com que todos os setores fossem banhados ao máximo de iluminação natural e amenizando a sensação da baixa altura entre o piso e o teto.
Os átrios centrais foram usados como acesso aos corredores e às salas maiores e formaram espaços ao ar livre para as atividades pedagógicas. Os dois pórticos principais são acessados pela biblioteca e funcionam como uma extensão dela, suas áreas externas receberam no chão o desenho de um lemniscata (curva algébrica do quarto grau de equação cartesiana), símbolo da escola, que pode ser visto de cima.
Todas as salas receberam amplas aberturas envidraçadas. Além de gerarem grande interação entre o interior e exterior, criaram ambientes transparentes e acolhedores. “O projeto tentou trazer o máximo de iluminação natural para todos os ambientes e fazer com que os alunos se beneficiassem desta luz”, comenta o arquiteto.
Outra solução foi trazer revestimentos e decorações que eliminassem o aspecto fechado. Cores claras foram aplicadas nos corredores e nas salas de aula, deixando a paleta mais escura somente para os pilares. Isso realçou os elementos lúdicos e tirou um pouco o foco do espaço mais ocluso. Os espaços foram projetados para instigar os pequenos e fazer com que eles se sentissem numa atmosfera à parte.
Queríamos transformar um antigo edifício industrial em algo moderno, para inspirar e acolher profissionais e alunos num ambiente totalmente moldado ao processo de ensino inovador da rede Denis FuziiMuitas cores, móveis inteligentes e de fácil adaptação foram pensados para que todos os ambientes pudessem ser adaptáveis às diversas atividades pedagógicas necessárias. A coloração foi explorada para tornar cada espaço lúdico, remetendo a formas e funções do mundo. “Tentamos trazer elementos alegres e inspiradores para escola, buscando sempre incorporar aos materiais e estilos do antigo edifício”, complementa Fuzii.
A projeção do mobiliário foi assinada pelo Studio dLux, que produziu todos os makers locais através da fabricação digital. Os arquitetos utilizaram formatos e cores que condizem ao programa pedagógico da escola.
A estrutura do antigo edifício foi mantida, mas recebeu reforços para que a cobertura recebesse a quadra poliesportiva e o playground externo – espaço que proporciona diversão ao ar livre para as crianças durante os intervalos. Foram adicionados elementos à estrutura para ajudar no controle solar, como brises e coberturas.
As duas fachadas da escola, frontal e traseira, recebiam muita luz natural mas sem nenhum tipo de proteção, levando ao desconforto término dentro das salas e demais ambientes internos. Pensando em contornar essa dificuldade, o escritório empregou brises com as cores da escola em parte da estrutura de concreto.
Além disso, foi alterada toda a parte da frente para a entrada e saída dos alunos, e criado um acesso independente para pedestres. Foi aplicada uma pele de vidro para proteção junto ao percurso público para que não interferisse na visão da fachada.
O edifício da Bernoulli GO foi configurado de forma vertical e o programa – organizado em 3.700 m² – foi dividido conforme as necessidades dos alunos e profissionais da instituição.
No subsolo ficam os setores de apoio e de serviços, a área dos funcionários, a cantina, um playground externo e a garagem. Já o térreo recebeu os espaços sociais e administrativos, recepção, biblioteca, átrios e uma sala de aula para as crianças mais novas. O primeiro andar abriga as salas de aula para os alunos maiores, uma sala dos professores, o espaço maker e a sala de artes. No segundo nível estão as salas de atividades diversas, como artes marciais e ballet, um auditório e a diretoria. Por fim, no terraço ficam a quadra poliesportiva, outro playground externo e uma horta dos alunos.
As circulações verticais existentes foram mantidas, dando espaço para uma caixa de elevador em um dos pórticos. Isso gerou diversos caminhos pelo prédio, permitindo que as crianças tenham diferentes percepções dentro da escola, além de ter ajudado bastante para controlar o fluxo de alunos nos horários de pico, como saída e entrada das aulas.
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