O escritório Memola Estúdio, em parceria com o arquiteto Vitor Penha, reuniu referências muito atuais e ao mesmo tempo conectadas com lugares antigos e tradicionais para projetar o Bar Purgatório, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
Com uma arquitetura pulsante, a casa de aperitivos foi inspirada nos bares de tapas de Portugal e do sul da Espanha. Embora pequeno, o estabelecimento se destaca na noite paulistana por sua proposta casual e por seus espaços inusitados, começando pela charmosa varanda com mesinhas na calçada que recepcionam os clientes.
Na fachada do Bar Purgatório, a tonalidade vermelha atrai os olhares até dos clientes mais desatentos. Ela está nos azulejos brilhantes que revestem as paredes, mas também adentra o bar e reaparece no teto e nas paredes do grande balcão do bar. De acordo com a equipe do Memola Estúdio, a cor invoca o vinho consumido no lugar bem como o teor religioso do nome – Purgatório!
Com bom-gosto e irreverência, os arquitetos lançaram mão de uma outra tonalidade quente na fachada: o amarelo. Ele está presente na madeira usada nos caixilhos, alinhados em altura e desenhados com o propósito de emoldurar ora painéis de vidro, ora o próprio azulejo vermelho. Os caixilhos criam aberturas que comunicam o exterior com o salão interno.
Após percorrer o pátio de entrada, que, com suas mesas e banquetas, enfatiza a descontraída presença do bar no espaço externo, o cliente adentra o salão principal. No chão, é possível perceber a continuidade do revestimento usado na área externa, um mosaico português de tom claro e levemente avermelhado.
Essa continuidade é, segundo os arquitetos, uma marca do projeto de interiores. As escolhas feitas no exterior se repetem dentro do bar, a exemplo do azulejo vermelho, que agora aparece no teto e nas paredes do balcão.
A marcenaria, desenhada pelos arquitetos, assume um papel essencial no projeto do Bar Purgatório. Ela tem tanto uma importância funcional, quanto estética. No lado de dentro do balcão, à esquerda, um armário serve de vitrine para os pães do cardápio. Logo à sua frente, sobre a bancada de mármore vermelho, os clientes se deparam com uma prateleira alta e fixada no teto, onde garrafas de bebida ficam à mostra.
Nas laterais e no fundo do salão central, os arquitetos optaram por descascar as paredes, deixando aparentes os tijolinhos da alvenaria. Mas o interessante aqui é que esses materiais não são vistos diretamente, porque telas metálicas perfuradas foram sobrepostas a eles e, no afastamento entre os materiais, foram inseridas luminárias contínuas e de luz indireta, no sentido horizontal. O recurso conferiu amplitude ao ambiente e efeito tridimensional às paredes, além de suavizar a textura dos revestimentos.
No segundo andar, contudo, a solução não foi aplicada. Neste espaço, destinado apenas para eventos fechados e capaz de receber até 25 pessoas, os tijolinhos ficaram realmente aparentes, conferindo um ar mais rústico e despojado.
Outro espaço formatado para acomodar a clientela é o corredor lateral, equipado com bancada contínua e banquetas. O local é descoberto e conta com faixas vermelhas que percorrem as altas paredes brancas que o cercam.
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