O Bar Interativo Stella Artois foi concebido para a Casa Cor 2015, em São Paulo, onde ficou exposto até o dia 12 de junho. O projeto foi muito além de questões de cunho estético, ao permitir às pessoas que passavam por ali acompanhar, em tempo real, as emoções predominantes no local e relacioná-las com fatos políticos, históricos e culturais do nosso dia a dia. Assinado pelo escritório de arquitetura e design Estudio Guto Requena, o projeto contou com a ajuda da tecnologia para captar, a partir de postagens em redes sociais, os sentimentos dos visitantes, que eram, então, projetados nas paredes do bar.
“Essa projeção mapeada apresentava graficamente a coleta feita na internet, de hashtags de emoções postadas em português. Era possível visualizar quais eram as emoções das pessoas, o que falavam e suas imagens”, explica o arquiteto Guto Requena.
Para cada post havia uma emoção correspondente. Aquela mais postada crescia visualmente na parede, e assim os clientes podiam acompanhar o sentimento predominante no Bar Interativo Stella Artois. “O visitante também podia tocar um sensor, que coletava batimentos cardíacos e liberava dados vitais produzidos pelo próprio corpo”, relata o arquiteto.
Criada em parceria com os artistas Rita Wu, Dimitre Lima e Luka Brajovic, e projeção mapeada de Eduzal, a obra transformou o ambiente em um imenso observatório de emoções. “As tecnologias digitais têm como papel fundamental nos tornar mais unidos, participativos e humanos. Estamos todos conectados. Essa foi a premissa para o projeto”, pontua Requena.
De acordo com o psicólogo Dr. Phillip Shaver, existe um grupo de seis emoções básicas sentidas pelo homem: amor, alegria, surpresa, raiva, medo e tristeza. Foram elas que o escritório buscou explorar no projeto do Bar Interativo Stella Artois.
Outra proposta do projeto arquitetônico foi revelar a memória do local. A marca do tempo ficou evidente nas paredes descascadas, nos buracos e canos aparentes e nas superfícies inacabadas. Como o intuito era justamente resgatar a história do lugar, o arquiteto optou por não utilizar quase nenhum revestimento. O terraço valorizou a vista do Jóquei Clube, voltando-se para a Marginal Pinheiros. O salão interno, no entanto, era um convite à introspecção.
A escolha dos móveis, objetos e protótipos para o Bar Interativo Stella Artois tornou-se praticamente uma viagem pelo design contemporâneo brasileiro, misturando peças icônicas de nomes consagrados, como Sérgio Rodrigues, Percival Lafer e Jean Gillon, com trabalhos de designers emergentes e da nova geração, como Zanini de Zanine, Marko Brajovic, Cristhian Grego e Hugo Sigaud.
“O projeto apresentou uma nova reflexão sobre o futuro do design, que deve cada vez mais se pautar em emoções, redes, narrativas e memórias. Estabelecer uma relação afetiva entre a pessoa e o objeto estimula um ciclo de vida mais longo, o que pode ser chamado de sustentabilidade afetiva”, conta Requena. O arquiteto explicou que os dois bares feitos de bloco de cimento aparente receberam tampo de mármore. Os 12 bancos do bar interno foram criados a partir de bancos comuns de madeira, que foram vestidos com um novelo de seda primitivo, tecido por bichos da seda cultivados no sul do Brasil e tingidos com material orgânico, como cebola, beterraba e terra.
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