Pequeno, mas cheio de personalidade. Assim é o Apartamento Chácara Santo Antônio, projetado pela arquiteta e morada do imóvel, Cecilia Horner Hoe (do escritório Hoearquitetura). “Casa, para mim, é uma experiência de sensações, conforto, relaxamento, bem-estar, interação, reflexão, restauração de energias e estímulos positivos”, comenta a autora. E foi a partir dessa visão que o espaço de 70 m² foi reformado em 2015.
Localizado em São Paulo, o apartamento está inserido em um edifício de 1978, criado pelos renomados arquitetos Eduardo de Almeida e Arnaldo Martino.
Antes da reforma, o apartamento contava com ambientes compartimentados e, por isso, menores, como era o caso da cozinha. Uma parede separava o corredor para os quartos da sala de estar e havia dois dormitórios fechados. O escritório removeu as paredes da cozinha, reposicionou o banheiro para a área de serviço, removeu a parede do corredor e abriu um dos quartos, integrando ao estar, o qual passou a ser uma sala tatame.
“A nossa maior dificuldade foi a ampliação da cozinha incorporando a área do banheiro de serviço. Para o reposicionamento deste banheiro tivemos de elevar o piso para passagem da tubulação de esgoto. Este piso elevado foi incorporado à área de nichos dos eletrodomésticos e armários. O forro rebaixado do banheiro da unidade superior também foi incorporado a este conjunto. Para a cozinha, optamos pela cor cinza chumbo, visando a uniformizar estes elementos”, relata a arquiteta.
A inspiração para os projetos de reforma e interiores veio do conceito de loft living, surgido na década de 1950 em Nova Iorque (EUA), quando artistas começaram a usar galpões comerciais e industriais no bairro do Soho como ateliê e moradia.
Para assumir esse conceito, o escritório criou espaços integrados e abertos, refletindo um estilo de vida contemporâneo. Além disso, essa característica tem relação direta com o estilo industrial, em que as estruturas e infraestrutura são deixadas aparentes. O apartamento também conta com toques rústicos.
O estilo de vida single também levou o escritório a optar pela remoção das paredes, priorizando sempre a entrada de luz natural.
Além disso, a arquiteta escolheu expor as vigas de concreto e usar materiais com diferentes texturas, como o tijolo cerâmico, a madeira de demolição, a palhinha e a serralheria. Utilizou, ainda, cores fortes em determinados planos, iluminação indireta, arte e vegetação, proporcionando aconchego aos espaços.
“Removemos o revestimento das vigas, revelando a estrutura de concreto aparente. Os eletrodutos expostos pela remoção das paredes foram embutidos em canaletas metálicas abaixo das vigas. A tubulação de água quente foi embutida em uma viga metálica que serve de cortineiro”, explica Hoe.
No projeto de interiores, o desenho do mobiliário visou o aproveitamento máximo dos espaços, trazendo sensação de amplitude. Ao combinar madeira de demolição, serralheria, estruturas de ferro e palha natural, busca incorporar o trabalho artesanal e conferir conforto aos ambientes.
A estante suspensa, a mesa da sala de jantar e a mesa lateral misturam estrutura com cantoneiras metálicas e madeira de demolição. O aparador, o rack e a cama de casal misturam madeira de demolição e o trabalho de palha natural trançada. Já na cozinha, a opção do escritório foi por um desenho limpo e sóbrio, com linhas retas e monocromia na cor cinza chumbo.
Por fim, na decoração, o apartamento conta com a presença de muita arte de parede, como fotografias e gravuras, bem como peças de valor afetivo, peças de cerâmicas, uma minibiblioteca de arquitetura, arte e fotografia, peças de tapeçaria e de plantas, que completam o ambiente, trazendo personalidade.
O projeto de iluminação foi trabalhado especialmente com luz direta, como trilhos com spots, arandelas e sanca com fita de LED sobre as bancadas. Uma das arandelas tem foco de baixo para cima, proporcionando iluminação especial ao mobiliário. No dormitório, a luminária com luz indireta torna o ambiente mais confortável. Na sala do tatame, uma arandela de madeira cria um espaço aconchegante, e a sombra projetada por ela à noite torna a sala um lugar especial.
Por fim, o paisagismo é encontrado na varanda, que conta com floreiras metálicas desenhadas sob medida para o espaço, que é estreito e longo. Nas quatro floreiras do peitoril estão plantadas lavanda, lantana, azulzinha e uma horta.
Um painel de ripas de madeira de demolição serve de suporte para a trepadeira de Ipomea Rubra. Na área do tatame tem samambaia, peperômia, jiboia, pata de elefante, lança de São João, véu-de-noiva, hera, calathea e orquídeas. No restante do apartamento, várias suculentas e forrações em vaso trazem o verde da natureza.
Escritório
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