“Sempre iniciamos um projeto com a leitura do entorno, a relação entre trajetória solar, ventos, vistas, as maneiras de se apropriar ao máximo do terreno original e a comunicação com os vizinhos”, comenta Giuliano Pelaio, um dos autores do projeto em parceria com Gustavo Tenca e Inácio Cardona, do escritório 24.7 Arquitetura Design.
O resultado dessa interpretação traduz-se nos principais aspectos da Casa Guaiume, localizada em Sousas, a apenas 10 km do centro de Campinas, São Paulo. A morada exibe características interioranas, mantendo-se protegida da industrialização da cidade. Com ar serrano peculiar, tem o grande plano de vidro na fachada sul voltado para a região montanhosa da Serra das Cabras, do distrito de Joaquim Egídio.
Sempre iniciamos um projeto com a leitura do entorno, a relação entre trajetória solar, ventos, vistas, as maneiras de se apropriar ao máximo do terreno original e a comunicação com os vizinhos Giuliano PelaioPara aproveitar totalmente a bela paisagem, a construção tira partido do aclive do terreno original, sendo implantada em ‘L’.
O posicionamento permite que a casa se abra para o pátio lateral que, além de iluminar e ventilar grande parte do imóvel, funciona como uma extensão ao ar livre da cozinha e sala de jantar. “Nosso objetivo é alcançar sempre o maior grau de sustentabilidade nos projetos, otimizando recursos naturais como sol, vento, iluminação e água da chuva. Assim, aliamos contemporaneidade e bioclimatismo”, completa Giuliano.
Com uma limitação de metragem imposta pelos moradores e até mesmo pelo tamanho do lote, os arquitetos precisaram trabalhar com uma metragem de 305 m². O terreno em aclive é um dos mais altos do condomínio, e a vista da porção sudoeste para a Serra das Cabras – ponto mais alto da cidade de Campinas, com 1.020 m de altitude – levou os profissionais a escalonar a construção em meios níveis, acompanhando os patamares criados no lote, com o objetivo de aproveitar melhor o terreno.
“Propusemos a integração da parte térrea com o jardim lateral projetado como área de expansão da casa ao ar livre. Na fachada, um prisma com aproximadamente 5,5 m de balanço estende-se próximo ao limite de recuo frontal do terreno. Isso confere ao grande volume uma interessante sensação de leveza”, comenta Giuliano Pelaio. A fachada sul justifica a grande abertura projetada no volume de pé-direito duplo, que beneficia a iluminação natural de boa parte da morada.
“A maior ousadia estética do partido está no balanço de 5,5 m do volume da sala de pé-direito duplo que avança até o limite do recuo frontal da casa, configurando a garagem,” expõe Giuliano. Como o volume não tem um vão de contrabalanço, a sustentação do pavimento superior é feita por um conjunto de tirantes e mãos francesas de concreto. Eles transmitem os esforços para as vigas da cobertura e para os pilares mais próximos.
Pertencente a um jovem casal que se identifica com traços arquitetônicos mais contemporâneos, o projeto pauta-se pela liberdade. Todas as decisões tomadas e justificadas pelos profissionais foram aceitas e compreendidas pelos moradores. A única exigência era a integração entre os espaços: sala, jantar e cozinha.
Com características bioclimáticas, a residência esbanja conforto ambiental. A ventilação acontece de forma continuada e natural. Isso porque a orientação e implantação da casa permitem que ventos predominantes entrem e circulem pelos ambientes. Janelas bem orientadas favorecem a contínua circulação dos ventos, refrescando o interior nos dias quentes de verão e nos dias de alta umidade relativa do ar.
Na fachada, um prisma com aproximadamente 5,5 m de balanço estende-se próximo ao limite de recuo frontal do terreno. Isso confere ao grande volume uma interessante sensação de leveza Giuliano PelaioAssim, no verão, o projeto bioclimático permite que a casa se refresque por si mesma de três modos: dispondo de superfícies envidraçadas ao sul e de proteções solares para a radiação solar direta e indireta; mediante a entrada de ventilação proveniente de espaços sombreados originados dos pátios gerados pela descompactação da casa; e evacuando o ar quente para o exterior, por meio da convecção natural.
No inverno, o calor gerado durante o dia – por efeito estufa e radiação solar direta – acumula-se nas lajes e paredes interiores. A casa permanece quente durante toda a noite sem necessidade de consumo energético, uma vez que a construção dispõe da maior parte de sua superfície envidraçada localizada a leste.
Giuliano explica que a água quente é gerada por captadores solares. “Já a iluminação natural é predominante em todos os ambientes da casa, dispensando o uso de luz artificial durante o dia”.
Janelas superiores automatizadas nos brises da fachada leste extraem o ar quente que, por ser mais leve, tende a se acumular na altura da laje/forro do interior da edificação. O acionamento automático atende, principalmente, a necessidade de acesso às janelas, inalcançáveis devido ao pé-direito alto.
Com acabamentos práticos e de fácil manutenção, o prédio apresenta textura leve, com pintura branca tipo cimento queimado. Os vidros e pisos possuem revestimento vinílico ou em porcelanato. O material mais nobre em destaque é o painel de madeira cumaru que se apresenta logo na fachada.
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