A velha arquitetura da sede da Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (SEDHB), localizado no setor comercial Sul em Brasília, encontra a modernização por meio do projeto de reforma criado pelo escritório 0E1 Arquitetos + Studio Paralelo + MAAM Arquitectos.
A equipe parte de um edifício de esquina, desgastado pelo tempo e pela baixa manutenção, mas privilegiado pela volumetria e capacidade estrutural. “Buscamos tornar o local de trabalho mais confortável e prazeroso para 880 servidores. Não privilegiamos gestos de design e sim estratégias capazes de otimizar a performance atual e futura. São operações de resgate e redescobrimento simultâneas a soluções consagradas e contemporâneas”, revela o arquiteto colaborador Mario Guidoux.
Buscamos tornar o local de trabalho mais confortável e prazeroso para 880 servidores. Não privilegiamos gestos de design e sim estratégias capazes de otimizar a performance atual e futuraMario GuidouxO projeto recebeu menção honrosa no concurso “Território e Paisagem”, promovido pela SEDHAB, com apoio e organização do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB/DF). O objetivo era selecionar a melhor proposta urbanística e arquitetônica para o Parque Ecológico Canela de Ema (PECE), localizado na Região Administrativa de Sobradinho – RA V, Distrito Federal. O lugar, com área de preservação, abrange espaços de recreação e lazer, encontro, esporte, educação e cultura, além da sede administrativa.
Com interior totalmente fracionado em plantas sobrepostas, sem conexão espacial, o edifício sofre com a compartimentação exagerada, que impede o aproveitamento da iluminação e ventilação naturais. Os elementos de circulação vertical são irregulares, as instalações elétricas e sanitárias, inadequadas. Tal situação exigiu prever intervenções enérgicas, sem lugar para soluções paliativas. Mário explica que para sanar os problemas existentes foi preciso eliminar todos os apliques superficiais, limpando a estrutura e deixando exposto o esqueleto de pilares e vigas em estado original. “Trata-se de um novo começo”, declara.
A estrutura cartesiana de pilares e vigas no sistema dom-ino – sistema construtivo constituído por lajes planas, pilares e fundações em concreto armado – permite desenvolver uma estratégia de demolição seletiva sem alterar a construção global. “Para isso se esvazia parcialmente a estrutura existente de forma cirúrgica, otimizando a iluminação e ventilação natural, para usufruir de espaços eficientes com excelentes níveis de conforto ambiental”, revela o arquiteto.
A nova planta projetada tem profundidade máxima de 10 metros, provendo uma situação mais salubre que a atual. No térreo, o contrapiso é retificado em uma quantidade mínima de níveis. O auditório se posiciona no desnível superior existente, enquanto o resto da planta se mantém na cota de acesso.
No novo projeto o átrio central permite novos ângulos de visão e jogos de luz. Mas não é só isso. Com A intervenção vai além da simples organização programática do edifício, propõe um novo relacionamento entre usuário, empreendimento e entornoMario Guidoux o zoneamento em volta, ganha-se também maior flexibilidade de planta. Com a distribuição concêntrica são criadas duas zonas distintas: junto à fachada original (setor privativo) e próxima ao vazio do átrio (setor operacional). Ambas funcionando com maior flexibilidade de layout e funções.
O átrio representa não somente uma melhoria na qualidade espacial do ambiente de trabalho, mas um vazio estruturador do programa. Ele também acaba com a separação vertical entre os funcionários e colabora para aumentar a empatia entre usuário, edifício e comunidade, fortalecendo a instituição. Mario enfatiza: “A intervenção vai além da simples organização programática do edifício, propõe um novo relacionamento entre usuário, empreendimento e entorno”.
A fachada com elementos de vidro tem brises verticais translúcidos na face leste, para protegê-la da incidência solar.
A solução tem o objetito de resolver um problema prático de eficiência energética e condicionamento térmico, além de preservar e se integrar às características arquitetônicas dos A proposta utiliza soluções contemporâneas que não entram em conflito com os edifícios do entorno; ao contrário, relaciona-se com ele, abdicando um papel de objeto ao fortalecer o conjuntoMario Guidoux prédios existentes no espaço urbano inserido. “A proposta utiliza soluções contemporâneas que não entram em conflito com os edifícios do entorno; ao contrário, relaciona-se com ele, abdicando um papel de objeto ao fortalecer o conjunto”, expõe o arquiteto.
Os novos elementos evolvem o edifício como um véu, protegendo-o sem escondê-lo. O vidro empresta à construção soluções eficazes para a integração entre o ambiente interno e externo, entre as pessoas, para o conforto ambiental, térmico e acústico e até para a segurança. “O material evoca, como nenhum outro, o princípio de transparência tão desejável para instituições públicas”, arremata Mário Guidoux.
Elaborado entre 1914 e 1917 por Le Corbusier, o sistema dom-ino é um sistema construtivo constituído por lajes planas, pilares e fundações em concreto armado, que propõe uma ordem racional entre seus elementos e sua construção, através da aplicação de subsistemas de organização. A técnica dota os edifícios de atributos formais modernos e concretos (pisos em balanço, planta e fachadas livres, pilotis etc.) e abstratos (economia de meios, rapidez, rigor e precisão na construção, universalidade).
Le Corbusier introduziu cinco Princípios Arquitetônicos que configuram o sistema dom-ino e o traçado regulador nas fachadas. No primeiro, a planta livre é o espaço total sem pré-definição, onde apenas os pilares são projetados. A planta não precisa seguir a estrutura e conforma o espaço independentemente. No segundo, o teto-terraço aponta o telhado como uma área arquitetônica desperdiçada. Em função disso, o arquiteto criou uma laje que se estrutura e possibilita o aproveitamento do terraço como uma área livre, composta de jardim e maior contato com a natureza.
O pilotis é o terceiro princípio, que elimina o porão, muito utilizado até aquele momento. Ele sobe a estrutura da casa, apoiando-a nos pilares e conformando o espaço do pilotis. No quarto, as esquadrias livres passam a ocupar as fachadas de fora a fora da parede, podendo ser na horizontal e possibilitando ver toda a paisagem; e no quinto e último princípio, Corbusier evidencia as grandes aberturas de vidros, com melhor aproveitamento da luz natural.
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